EW: Caitríona Balfe diz que ‘Belfast’ é sobre ‘as pessoas, a comunidade, o coração’ da Irlanda

  • 02 de fevereiro de 2022

Durante o Festival Internacional de Cinema de Toronto, que aconteceu em setembro de 2021, Caitríona Balfe conversou com o podcast The Awardist e explicou como fundiu sua história pessoal com a de Kenneth Branagh, diretor de Belfast. A atriz também falou sobre os preparativos para a cena de dança com Jamie Dornan e a catarse de honrar as vidas da Irlanda “destruídas por esse partidarismo e ideologia ridículos“. Veja a tradução de toda a conversa a seguir.

Enterteinment Weekly: Parabéns pelo novo bebê!

Caitríona Balfe: Obrigada. Estou privada de sono, mas os carinhos compensam!

A maternidade é uma adorável passagem em Belfast, porque a força maternal e o amor que você traz para esse papel são muito emocionantes. Como foram suas conversas iniciais com Kenneth?

Ele me enviou o roteiro antes de conversarmos. É tão cheio de sentimento que me emocionei lendo. Como eu disse a ele na primeira vez que conversamos, Ma parecia tão familiar para mim. Você não pode deixar de pensar em sua própria infância, sua própria mãe. Isso me tocou.

Em um de nossos primeiros dias juntos, Ken colocou eu, Judi [Dench], Ciarán [Hinds] e Jamie em uma sala juntos e conversamos sobre nossa criação. Ken fez muitas perguntas, todos falamos. Embora esta seja a história de Ken, ele queria que nos ligássemos com as coisas pessoais para nós e encontrássemos semelhanças entre nós e os pais dele.

Você conversou com a família dele?

Os pais de Ken infelizmente já faleceram, mas seu irmão e sua irmã fazem participações especiais no filme. Eu não falei com eles antes, mas nós os conhecemos durante as filmagens. Ken usou muitos membros da equipe com quem ele sempre trabalha. Era uma equipe pequena nesta bolha, eu estava em um hotel com as crianças e suas mães, então tinha uma sensação de família mesmo assim!

Você disse anteriormente ao The Irish Times que crescer em cidades de fronteiras não foi fácil. A época de Belfast está a cerca de 15 anos de sua infância, mas você pode falar sobre como canalizou sua experiência para a Ma?

Embora eu não tenha crescido em Belfast ou no Norte, estávamos tão próximos que fomos afetados. Enquanto Ma e Pa deixaram Belfast, meu pai, que era sargento da polícia, foi transferido para a fronteira quando eu era bebê. Nossas vidas foram completamente moldadas por isso. Minha mãe deixou sua comunidade próxima de uma maneira muito semelhante à da Ma. Minha mãe tem oito irmãos e ela deixou todos eles nesta comunidade unida para ir morar na fronteira onde meu pai trabalhava. Não fomos bem recebidos inicialmente, porque a polícia era vista com muita desconfiança e as pessoas naquela área não eram simpáticas a um exército provisório. Fazendo a pesquisa, assisti muitas imagens daquela época. Quando você vê como seu próprio povo e essas comunidades foram destruídas por esse partidarismo e ideologia ridículos e pessoas que usam isso para criar divisões entre pessoas que viveram completamente pacificamente por anos, é de partir o coração… esse conflito ainda está acontecendo. Mas, obviamente, houve o Acordo de Belfast e o processo de paz em 1998, dos quais eu estava muito ciente na época em que estava na Irlanda. Eu sei que Jamie e Ciarán são de Belfast, e a mãe de Judi é irlandesa, então todos nós sentimos uma conexão profunda com o filme. É engraçado como você vê o exército e os tanques britânicos passando pela cidade, e na minha infância eu passava regularmente por postos de controle do exército britânico, indo para o Norte para fazer compras ou ir ao dentista.

Existem elementos políticos e sociais aqui, mas Belfast é sobre a família em primeiro lugar. Como é dar um rosto às pessoas que viveram esse conflito? É catártico?

Quando você recebe um roteiro sobre a Irlanda do Norte ou que se passa na Irlanda do Norte, é sempre sobre a ideologia. E este era sobre as pessoas, a comunidade, o coração. Foi especial celebrar isso. Falar sobre a humanidade das pessoas, claro, foi gratificante. Você sente uma responsabilidade especial de garantir que isso seja importante e parece especialmente oportuno, por causa do Brexit no ano passado, tudo está esquentando novamente. Você quer apenas fazer com que as pessoas vejam que isso é o que é importante; essa besteira sobre o nosso lado, o lado deles, Ken fala muito bem sobre isso no filme. É tão ridículo. Somos todos seres humanos, todos têm sonhos, somos todos aquele garotinho, somos todos Buddy em algum momento. É tão importante se conectar a isso e lembrar disso e ver que seu suposto adversário é igual.

Este é um elenco maravilhoso e as camadas emocionais que você e Jamie construíram são palpáveis. Mas há ótimos momentos físicos entre vocês, principalmente quando você joga pratos nele! Isso foi improvisado?Foi ótimo, tivemos que fazer isso algumas vezes. Ken é tão incrível, obviamente tínhamos a cena no roteiro, mas ele deixa você brincar. Havia liberdade nisso. Qualquer cena em que eu jogo coisas nas pessoas é divertida! Uma das coisas que Ken enfatizou foi como essas pessoas amam ferozmente e riem ferozmente. Mesmo que eles estejam discutindo em um minuto, no próximo eles estão dançando e se beijando. A vida é grande e completa, e Jamie e eu gostamos de brincar com isso.

Em nosso primeiro dia juntos, tivemos um ensaio de dança para duas pessoas. Agora que eu o vi dançar em uma praia em Barb and Star… Ele disse, “Ah, eu não sei dançar“, e eu definitivamente não sou alguém que aprende coreografia bem, então se alguma vez houver um bom momento para se aproximar, junte duas pessoas que dizem não dançar muito bem para ensaios de dança!

Conte-nos sobre a filmagem da dança. Quanto tempo vocês trabalharam nela antes de filmar?

Não muito tempo! [Risos] Tínhamos um coreógrafo incrível que nos roubava por algumas horas entre as filmagens. Foi uma onda de calor em Londres, então houve um ou dois dias em que estava 35 graus Celsius ou mais e estamos tentando aprender esses movimentos de dança em um pedacinho de sombra. Estávamos morrendo. Não queríamos que parecesse que eles eram muito profissionais, então essa é a minha desculpa para a sensação amadora que demos!

Como é o Jamie como parceiro de dança?

Ele é uma daquelas pessoas irritantes que dizia: “Eu nunca vou conseguir fazer isso!” e então, no dia da filmagem, ele simplesmente arrasou e fui eu quem cometeu erros. Ele foi perfeito! Foi uma boa diversão. Sempre que você faz coisas assim, é libertador e divertido. E é um momento tão bonito no filme. Observamos o Jude [Hill], enquanto eles filmavam suas reações de close-up para nós dançando, e Jamie e eu ficamos lá como dois pais orgulhosos. Ele é tão incrível e parecia tão angelical, mas passando por toda essa gama de emoções que Ken provocou. Nós estávamos tipo, “Nosso filho!”

Todos vocês estão sendo aclamados pelos festivais de outono. Você passou por isso com os Emmys no circuito de premiação, mas ainda é cedo na temporada do Oscar. Como é esse período de espera? É estressante ou validador?

É muito legal que as pessoas se conectem a ele e se divirtam. Fico feliz pelo Ken, porque sei o quanto ele colocou nisso e isso significa muito para ele. Ver as pessoas abraçando isso, porque ressoou com elas, isso me deixa feliz… É ótimo quando você gosta do processo de fazer algo, quando a experiência é especial para você de maneira pessoal. Ver isso ser lançado no mundo e tocar as pessoas, é ótimo. Mesmo que não, ainda seria um filme especial para mim. Mas o fato de ter fito isso… é a cereja do bolo.