The New Potato: Caitriona Balfe deixa um importante recado para suas fãs

  • 14 de fevereiro de 2020

Confira a entrevista e sessão de fotos de Caitriona Balfe com o site The New Potato, na qual ela deixa um importante recado para todas as suas fãs e fala sobre a diferença de oportunidades para as mulheres na indústria do entretenimento.

Caitriona Balfe de Outlander é cética, como eu

Devo admitir, foi a minha mãe quem me disse para assistir a série Outlander, da Starz (qualquer um que seja fã sabe que ficar sabendo desta série pela sua mãe ou assistir com ela pode ser um pouco estranho), mas, ao assistir sozinha, caí imediatamente no escapismo romântico que possui tantos elementos maravilhosos. Você realmente se joga nesta série, você quer entrar dentro da tela. Há viagens no tempo, espiritualidade, história, romance: está tudo lá. Mas, de verdade, desde o início, uma das minhas partes favoritas de Outlander foi a sua personagem principal – a maravilhosa Caitriona Balfe – que sempre senti que trouxe atuações sólidas e autenticidade para a série.

Sentada diante de Balfe na Tata Suite no Pierre Hotel, percebi uma coisa rapidamente: ela deve ser uma das pessoas mais tranquilas que eu entrevistei. Sim, “tranquila” é realmente a palavra. E quando perguntei se ela é uma romântica, Balfe não pensou duas vezes: “Eu não acho que sou romântica, na verdade acho que sou bastante cética. Eu acho que essa série definitivamente me deixou mais romântica… mas é, o Dia dos Namorados não é para mim. Eu sei. Meu pobre marido.

Uma cética conversando com outra cética: estes são meus tipos preferidos de entrevistas.

Sugeri que talvez ela seja uma alma velha, em vez de romântica (já que sei que Balfe é uma leitora voraz) e, para isso, Balfe se caracterizou como uma espécie de mistura: “Sou muito jovem de coração, mas combinada com um pouco de uma alma velha. Eu tenho dois lados, um é esse doido que gosta de festas e o outro é o que gosta de hibernar, ficar quieto e ler. Esses dois lados lutam constantemente e é por isso que eu sou louca!

Tá, isso estava indo para o lado bruxa. E foi a última parte de sua resposta que eu particularmente amei. Sempre acreditei que todas as melhores pessoas são loucas.

Para voltar alguns anos, Balfe começou sua carreira como modelo, uma oportunidade que surgiu enquanto ela estava na escola de teatro, em Dublin: “Fui encontrada por um olheiro e foi tipo, ‘Certo, posso ficar em Dublin nesta porcaria de escola de teatro ou me mudar para Paris.’ Então eu disse: ‘Estou me mudando para Paris.’ A partir daí, eu estava morando em Nova York e estava chegando a quase uma década sendo modelo e estava infeliz. Eu estava em um relacionamento ruim e não estava fazendo o que queria na vida… Então, terminei o relacionamento ruim, me mudei para Los Angeles e comecei a fazer aulas de teatro.

Algo que eu acho que foi fundamental para o sucesso de Balfe é que ela nunca considerou que as coisas não seriam do jeito que ela queria: “Eu era muito ingênua e vivia em uma pequena bolha de ilusão de que isso daria certo. Acho que foi a melhor coisa. Eu não sabia como eu conseguiria um emprego, mas eu ficava… ‘Vai acontecer.’

Quando expressei o quão raro e revigorante era ouvir isso sobre o início de uma atriz, Balfe falou rapidamente: “Tipo, eu havia saído [do mundo] da moda, então eu estava profundamente insegura e minha autoconfiança estava no lixo. Acho que é o que acontece depois de se passar dez anos na indústria da moda.

(Eu concordei com esse último sentimento com certeza.)

Mas adoro que eu tive esses anos para estudar e estabilizar a minha vida corretamente.” Balfe disse.

Uma coisa que li sobre Outlander é que há um esforço verdadeiro para empregar escritoras e diretoras. Quando abordamos o tema de qual trabalho ainda precisa ser feito para a igualdade de gênero, obviamente havia muito a se dizer. E adorei tudo o que Balfe disse sobre isso, portanto preciso colocar a fala completa:

Ah, Deus, há muito a ser feito. É uma loucura que pareça revolucionário ou que estamos ‘defendendo’ a paridade, quando o mundo é dividido em 50% de mulheres e 50% de homens… Por que existe uma inclinação [para o sexo masculino]?” Balfe brincou.

Essa é a pergunta eterna.

Balfe continuou: “Uma coisa é falar de escritores e diretores, mas, na verdade, é também a equipe. Quando se olha no por que da equipe ser tão inclinada para o lado masculino, você também vê as horas que as pessoas trabalham. No nível inicial, há muitas mulheres jovens, mas se você quer ter uma família, não pode trabalhar nessas horas. Portanto, temos uma equipe de filmagem inteira só de homens. Todas as suas parceiras tiveram filhos nos seis anos e meio que estamos fazendo esta série. E eles podem ir trabalhar e ter sua carreira, podem avançar e subir a escada. Mas se houvesse alguma mulher nessa posição, elas teriam que tirar uma folga, teriam que ser retiradas da escada da ascensão de suas carreiras, porque teriam que fazer aquela escolha ‘Você quer ter filhos ou quer ter uma carreira?’ E acho que isso é algo que realmente precisamos continuar discutindo. Porque afeta quem se torna diretor de fotografia, quem se torna o primeiro assistente de diretor, quem se torna produtor. E são todas essas posições de poder que acho que afetam como é a atmosfera na equipe. Ou o tipo de material que recebe o sinal verde.

Fiquei sentada, concordando completamente assentindo com cabeça e, em algum momento, Balfe olhou para mim e disse: “Me desculpe, posso continuar falando sobre isso por muito tempo.

Pedi que ela, por favor…  continuasse.

É por isso que você ainda acha que podemos convidar uma diretora para a nossa série, mas se ela estiver tentando gerenciar uma equipe que seja 99% masculina, quanta influência ela realmente terá? Porque ela pode dizer alguma coisa e ser completamente anulada pelo lado técnico das coisas com a equipe de filmagem e o diretor principal. Eu vejo isso o tempo todo. Ainda há muito trabalho a ser feito.

Quando eu acompanhei a cultura de Outlander, perguntando se era boa, ela foi rápida em dizer o seguinte: “Oh, meu Deus, sim e acho que realmente tentamos muito ter esse tipo de equilíbrio, mas ainda é uma equipe muito inclinada para o masculino. E acho que você encontra isso em todo lugar. E é difícil mudar a cultura.

Eu particularmente gostei de conversar com Balfe sobre seu filme mais recente – Ford v Ferrari – e como era esse set:

Foi incrível ver Christian e Matt, como eles trabalhavam sem ego. Acho que é uma ótima lição ver que pessoas que chegam ao auge de suas carreiras, como eles, ainda têm o foco principal no trabalho. E foi muito sobre o que quer que Jim (o diretor) precisava, o que fosse necessário para fazer a cena, eles estavam lá apenas para o trabalho. E isso é uma coisa linda. E acho que os dois são o tipo de ator que eu admiro e aspiro a ser. E Tracy Letts também, essas pessoas criativas realmente incríveis e talentosas, elas não se importam com besteira. Trata-se do trabalho. E acho que isso é um lembrete realmente legal.

Por “besteira”, Balfe quis dizer as prioridades distorcidas de certos atores, “acho que você pode ver com outros atores: trata-se apenas de ser uma marca.

Olhando para quem são tantos dos fãs de Balfe, eu queria especialmente perguntar a ela qual seria seu conselho para as jovens mulheres crescendo e tentando encontrar a sua voz, ao que ela disse:

Acho que você tem que falar. A diferença entre crescer como jovem mulher e crescer como jovem homem é que, de alguma forma… os homens não parecem ter esse medo de ‘oh Deus, se eu disser alguma coisa, como isso será percebido?’ Eles apenas vão e fazem. E acho que isso é algo que precisamos fazer mais como mulheres. Assuma esse espaço. Assuma essa posição. Coloque sua voz para fora. Não se preocupe com a aparência ou como soa, apenas assuma o espaço. E é lamentável que esse espaço não seja apenas concedido a você, mas, ao mesmo tempo, se você não o assumir, alguém o fará e esse alguém provavelmente terá um pênis.

Nesta última fala, todas nós rimos. E prometi encerrar a entrevista assim. Cumprirei minha promessa, para o possível desgosto da equipe de relações públicas de Balfe…

Aqui está o dia ideal de comida de Caitriona Balfe…

O brunch provavelmente é a minha refeição preferida de todas. Então, tem que começar com ovos… desde que haja café preto e ovos, estou bem. Daí, eu sairia para comer ramen em algum lugar. Momofuku, por que não? Vamos lá. E depois, eu comeria sushi. Daí eu ficaria bêbada e comeria um hambúrguer.

*Localização cortesia do Pierre New York, A Taj Hotel