Vulture: Caitriona Balfe fala sobre o episódio ‘Do No Harm’

  • 12 de novembro de 2018

O episódio desta semana de Outlander, “Do No Harm“, é a hora mais angustiante da série desde o final da primeira temporada, com o episódio “Wentworth Prison“. Após Claire, Jamie e o jovem Ian chegarem sem nenhum tostão em River Run, a fazenda da Carolina do Norte de propriedade da tia do Jamie, Jocasta (Maria Doyle-Kennedy), ela se revela uma verdadeira e manipuladora MacKenzie ao declarar publicamente que Jamie é o novo herdeiro de River Run, antes de discutir isso com ele. Claire repreende a ideia imediatamente, ela não vai ser dona de pessoas como se fossem propriedades, mas Jamie quer pelo menos explorar a possibilidade de trabalhar para libertar os 152 escravos de River Run e pagar salário àqueles homens e mulheres.

O episódio toma um rumo terrível, quando Jamie e Claire encontram um escravo chamado Rufus (Jerome Holder) pendurado em um gancho pela barriga. Após receber uma chicotada, Rufus tirou sangue do seu supervisor branco, um “crime” pelo qual ele seria executado. Claire insistiu em salvar Rufus e, por fim, fez uma cirurgia na mesa da sala de jantar de Jocasta, antes de transferi-lo para a cama dela e do Jamie para ele se recuperar. Mas os donos das fazendas vizinhas exigiram “justiça” mesmo assim: se Jamie não entregasse Rufus até a meia-noite para a multidão na porta de Jocasta, eles ameaçaram punir os outros escravos e queimar River Run.

Sem ver outra opção, Jamie sugere que Claire ajude Rufus como ajudou Colum, com um suicídio assistido: “Se o seu juramento é não fazer o mal, não é melhor salvar a alma dele do que deixar que aqueles homens a arranque do seu corpo?” Claire dá a Rufus uma xícara de chá fatal, segura a mão dele e pede que ele conte a ela sobre a irmã que ele sonhava em rever. Uma vez que Rufus deu seu último suspiro, Jamie fez uma prece para ele e, então, leva o corpo dele para fora, onde a multidão branca o arrasta até uma árvore e o enforca.

Antes do episódio de domingo, Caitriona Balfe conversou com a Vulture sobre gravar essas cenas angustiantes, por que a visita à River Run aproxima os Frasers e a única coisa que ela mudaria na casa que veremos o casal construir no interior.

Qual foi o momento mais desafiador de gravar “Do No Harm“?

Houve algumas coisas que foram bastante difíceis. Primeiro de tudo, apenas de estar em uma colônia e ter os nossos atores e extras nessa posição, interpretando escravos, é uma coisa horrível até de assistir e fazer parte como faz de conta, pois, infelizmente, é tudo muito real na história. Quando a Claire e o Jamie dão o chá a Rufus, isso foi muito difícil. Houve muita conversa sobre essas cenas, se deveriam ser feitas desse jeito ou daquele.

Quais foram as conversas em torno dessa cena do chá, especificamente?

Parte do que é tão difícil em interpretar a Claire é como ela, muita vezes, é tão racional, mas neste episódio ela deixa as emoções a solta e ditar. E o fato de que ao tentar ajudar esse garoto, ela coloca os escravos companheiros e trabalhadores em risco. É ver a Claire ser tão levada pelas suas emoções que ela não consegue pensar com clareza. Aquelas cenas com o Rufus… para a Claire, não era só tentar dar a ele um tipo de paz e, de alguma forma, dar uma forma de escapar do que seria, em última instância, o destino dele com a multidão. Estávamos nos perguntando se era ou não a coisa certa a fazer, alguém tomando essa decisão em suas mãos. Mesmo que a Claire seja uma médica, é melhor dar essa saída pacífica para ele? Todos lutamos quando temos cenas assim, procurando pela maneira certa de fazê-la.

Como você se fortalece para esses momentos em que você sabe que a personagem tem que ficar lá e testemunhar o destino de Rufus? Ou que a Claire deve se manter firme, enquanto diz a Rufus que ele verá a irmã de novo?

Pelo visual dela ser tão horrível, definitivamente foi muito visceral, se sentir horrorizada, enojada e emocional é uma resposta bastante natural, então você usa todas essas coisas. E o Jerome [Holder] foi tão incrível. Quando um ator chega na série, traz consigo uma atuação tão incrível e vocês conseguem ser parceiros de verdade nessas cenas, isso realmente te ajuda a passar por ela.

Vimos o jovem Ian ajudar a Claire durante a cirurgia de Rufus. Sem contar muito, não é a última vez que o veremos ajudá-la. O que você gosta nesse relacionamento nesta temporada?

Desenvolvemos esse relacionamento em que, por um lado, eles se dão muito bem, mas por outro, ele é como uma vela na maior parte do tempo. A gente zoa o John Bell um pouco e isso se espelha no jovem Ian, o que é muito divertido. Mas o John Bell é maravilhoso, dá para ver que ele adora cada segundo de estar no set, então é uma verdadeira alegria tê-lo por perto.

Além de basear a série no Sul colonial, esse episódio obviamente mostra por que a Claire e o Jamie não seguirão o “caminho fácil” de herdar a colônia e fazê-la a casa deles. Como a experiência em River Run afeta o relacionamento deles?

Em primeiro lugar, isso dá evidência da vontade de Jamie de agir fora da caixa do que se espera de um homem do tempo dele. Acho que isso apenas aprofunda o respeito e o amor da Claire por ele: ela pode apelar para a inteligência emocional dele e explicar por que isso é tão errado e ele pode ver além da cor, da tradição e das expectativas da sociedade daquele momento. Era tão importante para os dois – mas especialmente para o Jamie, se ele não for voltar para a Escócia – que eles criassem uma vida que eles pudessem realmente levar. Eles passaram por tanto horror e por tanta dor. Apesar de ter sido uma escolha arriscada e não foi a mais fácil, esta oportunidade de começar uma comunidade do zero, da maneira que eles querem viver, torna o vínculo deles muito mais forte.

No episódio da próxima semana, a Claire e o Jamie partem a procura de sua própria terra, o Fraser’s Ridge. Os vídeos mostram eles olhando para as montanhas, se abraçando, enquanto o chalé deles está sendo construído. Mesmo havendo muita incerteza pela frente, a Claire parece estar calma e confiante esta temporada. A sua abordagem para interpreta-la mudou com o Novo Mundo?

É uma continuação do trabalho que eu estava tentando fazer na temporada passada, encontrar essa maturidade dentro dela e essa confiança que vem com a idade. Claire teve a oportunidade de investir no papel dela como mãe. Ela teve a oportunidade de investir no papel dela como uma profissional e uma médica. E aqui, finalmente, de uma forma feliz e realizada, ela tem a chance de investir no papel dela de esposa e de dona de casa. Na última temporada, senti, especialmente na primeira metade, que eu estava interpretando uma mulher que estava muito comprometida, ela teve que desistir de uma parte dela. Enquanto que, nessa temporada, sinto que ela é uma pessoa muito contente e satisfeita por completo.

Olhando para o futuro, há muitas semelhanças entre os Highlanders e os nativos americanos, o que explica por que o Jamie se identifica com os Cherokees que compartilham a fronteira com o Fraser’s Ridge. Como é com a Claire?

A Claire é alguém que vê as pessoas pelas pessoas e isso é algo que eu amo nela. Ela é uma mulher solidária e empática. Ela não julga as pessoas e não se acha superior a ninguém só por ser branca ou o que for. Ela não sente que ninguém é superior a ela, também. Obviamente, ainda estamos interpretando pessoas que estão se assentando em terras que, no final das contas, pertencem a outro povo, então, mesmo que eles tenham essa ligação com os Cherokees e vejam as semelhanças com os Highlanders, eles ainda ficaram nessa terra, então é estranho em muitos aspectos. Mas eu adoro que rapidamente eles formam um vínculo com os seus vizinhos Cherokees e há um respeito mútuo ali. Acho que isso remete ao Jamie e à Claire construir a comunidade deles como eles querem do zero, que é uma com respeito e igualdade.

Qual é a sua parte preferida do Fraser’s Ridge? Você pediu que alguma coisa fosse colocada no chalé em nome da Claire?

Bem, eu perguntei por que diabos o Jamie não construiu um quarto separado, mas isso foi ignorado. Ficamos tipo, “O quê? Você construiu esse chalé enorme, mas não tem quarto? O quê?” [risos] Claro, para a Claire, o cantinho dela com todos os seus frascos e o baú de remédios é tão incrível. Fiquei muito impressionada com o departamento de arte e como todos esses pequenos detalhes são tão específicos para essa personagem. Sempre nos divertimos muitos por alguns dias, ao entrar no set, vasculhar e ver exatamente o que há lá. Mas sabe, quando estávamos do lado de fora, tínhamos esse treinador de animais fantástico que possuía cabras e porcos e tudo isso. Eu venho do campo. Tínhamos uma pequena fazenda quando eu era pequena e foi muito legal estar cercada por isso. Me levou de volta a ser bem pequena.