Collider: Caitriona Balfe fala sobre ‘Ford v Ferrari’ e ‘Outlander’

  • 17 de novembro de 2019

Do diretor James Mangold, o drama de alta octanagem Ford v Ferrari é inspirado na história da vida real do projetista de carros e visionário automotivo americano Carroll Shelby (Matt Damon) e de seu piloto britânico Ken Miles (Christian Bale), que superaram seus próprios demônios pessoais para construir um carro de corrida revolucionário para a Ford que pudesse desafiar a Ferrari na corrida mais difícil de todas, as 24 Horas de Le Mans, em 1966. A parceria deles é uma prova de como o pensamento não convencional, a inventividade, a determinação e a vontade podem superar os obstáculos de conseguir algo extraordinário.

Durante essa entrevista por telefone com o Collider, a atriz Caitriona Balfe, que interpreta a esposa de Ken Miles, Mollie, falou sobre como foi conhecer Mangold pela primeira vez, o que mais a impressionou em Bale e Damon e o que a surpreendeu ao fazer um filme desta escala. Ela também falou sobre atingir o marco da quinta temporada em sua série da Starz, Outlander, sobre o que ela está mais animada com a próxima temporada (que estreia em fevereiro de 2020) e equilibrar o que os fãs do livro querem ver com as novas surpresas.

Collider: Parabéns por este filme! Ele é tão bom e, como elenco, vocês todos estão sensacionais nele.

Caitirona Balfe: Oh, que bom. Fico feliz que tenha gostado.

Collider: Você teve a sensação, quando estava fazendo este filme, de que ele seria um dos melhores de 2019? Dá para dizer, quando se está no set, como algo será ou é só quando ele está pronto e você vê o produto final que você sente que realmente sabe?

Caitirona Balfe: É, eu não sei se você realmente sabe como as coisas serão, porque há muito que precisa acontecer e dar certo. Mas o que eu sei é que o sentimento no set era realmente bom. Jim [Mangold] cria essa atmosfera maravilhosa. Ele é esse condutor fantástico. Havia tantas partes emocionantes e tantas coisas para ele acompanhar, com todas as coisas de corrida e tudo mais. No começo, gravamos muitas coisas da nossa família isolados nesta casa em Highland Park. Mais tarde nas gravações, eles construíram alguns dos sets interiores em um dos hangares do aeroporto enquanto ele estava filmando simultaneamente muitas das coisas de corridas. Então, dava para sentir que ele estava realmente em um ótimo ritmo e empolgado com o que estava fazendo, e isso criou esta atmosfera maravilhosa, que todos sentiam que estavam em mãos realmente seguras. Quando se tem isso, você espera que seja transmitido para a tela e, felizmente, parece que transmitiu. Isso é realmente emocionante, pois foi realmente muito divertido de gravar.

Collider: Como foi conhecer James Mangold pela primeira vez? Você ainda fica nervosa na noite anterior à uma reunião com um grande diretor sobre um papel muito legal?

Caitirona Balfe: Oh, claro, sim. Além disso, Garota, Interrompida apareceu muito no final da minha adolescência/início dos meus 20 anos e Johnny & June também foi um filme incrível. Eu fui ler para ele, na verdade, e ele tem essa personalidade alegre e bombástica. Ele assume o controle de qualquer sala, então, no minuto que você o conhece, ele é tão sociável e amigável, e foi muito divertido. Começamos a ler as cenas do dia e ele estava lendo a parte de Christian [Bale] e estávamos realmente entrando nela. Em um momento, estávamos tão na cena, mas ele cometeu um erro e começou a me bater com o roteiro e eu fiquei tipo, “Oh, isso é um bom sinal!” Foi bem divertido. Ele foi brilhante. Quando você começa a trabalhar com um diretor que está no seu melhor, como ele está, é uma delícia.

Collider: Uma das coisas que James Mangold é capaz de fazer em todos os seus filmes é conseguir atuações incríveis de todos os seus atores. Não importa quão grande ou pequeno o papel, toda atuação é excelente. Você pode descrever como é trabalhar com ele? Por que você acha que ele sempre consegue isso?

Caitirona Balfe: Você imediatamente percebe que ele realmente se importa com o personagem e com o que você está sentindo e trazendo para a situação. Mas o que também foi incrível foi o quão maleável Matt [Damon] e Christian estavam com ele. Antes de gravar, eu estava pensando que talvez eles fossem muito presunçosos sobre o que estavam trazendo, mas eles haviam desistido de todos os controles porque tinham muita confiança no que ele vê. É isso, você realmente confia no que o Jim está vendo. Se algo não está dando certo e ele vê que não está, você fica pensando, “Certo, vou deixar que ele me diga como fazer melhor. O que você gostaria? Como você gostaria que fosse diferente?” Ele foi simplesmente brilhante. Foi muito divertido trabalhar com ele.

Collider: Você tem apenas algumas cenas para mostrar o relacionamento entre sua personagem e o personagem de Christian Bale. Você pode falar sobre filmar a cena na garagem, no começo do filme, e como foi fazê-la?

Caitirona Balfe: Oh, meu Deus, esse foi o meu primeiro dia. O que foi ótimo foi que, antes de começarmos a gravar, andamos pela garagem e pela casa com o Noah [Jupe] e o Christian. Então, todos tivemos uma boa noção de como aquela casa era. Não há nada pior do que entrar no set pela primeira vez e ter que agir como se você o conhecesse intimamente. Isso foi algo ótimo que eles nos deram. Christian é um artista tão incrível e um homem genuinamente adorável. Ele é um cara de família. Quando você começa a conversar com ele, percebe, “Esse cara é um pai tão incrível e um marido tão incrível.” Acho que me alimentei desse lado do homem de família e trabalhei com isso.

Collider: Há muitas histórias sobre o quão intimidador e intenso ele pode ser quando trabalha. Esse lado homem de família dele foi algo que você achou surpreendente?

Caitirona Balfe: Sou como todo mundo: eu tinha uma ideia de talvez como ele seria. Eu entrei nesse filme com a ideia de que eu ficaria muito intimidado por ele e Matt [Damon]. Imediatamente, quando você conhece os dois [e] a primeira coisa que me impressionou sobre os dois é que eles são apenas esses grandes e humildes homens de família. Não havia ego ou ostentação. Foi muito legal. No primeiro dia, foi tipo, “Oh, isso será tão legal.” Ele é um ator tão generoso, e ele foi muito, muito gentil com Noah e simplesmente adorável. Não sei se foi surpreendente, mas foi uma coisa adorável de descobrir.

Collider: Como foi filmar a cena dirigindo?

Caitirona Balfe: Foi uma loucura. Estávamos com o tempo apertadíssimo, naquele dia. Tínhamos esse equipamento, mas apenas por um certo período de tempo. Estávamos filmando em Agua Dulce, nos arredores de Los Angeles, e eles colocaram o carro em cima da plataforma com um cara dirigindo. Você está acelerando por essas estradas e, em seguida, há esses carros dos dublês passando por você ou vindo em sua direção e, mesmo que eu não estivesse realmente no controle, você sente a responsabilidade disso. E obviamente, também é uma grande cena emocional. Ser jogada por aí nessas estradas, enquanto você tenta passar pela cena, foi bem engraçado. No início, em uma das primeiras tomadas, Christian estava tipo, “Não, incline-se para o outro lado, quando você for fazer a curva” e fiquei tipo, “Certo, boa ideia.” Mas foi realmente divertido . Foi apenas uma cena muito legal e também é o centro emocional desse casal. Ela realmente me deu uma visão de quem a Mollie era. É tão revelador do tipo de relacionamento que os dois têm, então foi uma coisa muito legal.

Collider: Quando se trata de momentos memoráveis das filmagens, houve um ou dois dias que você sempre se lembrará de fazê-lo?

Caitirona Balfe: Esse dia foi bastante memorável. A adrenalina estava alta para toda a equipe e estávamos em um momento difícil, como por quanto tempo tínhamos esse equipamento e tínhamos que filmar as cenas em um determinado período de tempo. Eu estava na estrada e era um grande grupo de homens e, em um determinado momento, todos estavam correndo para uma vala para fazer xixi e eu fiquei tipo, “Eu sou a única mulher aqui. Para onde eu deveria ir?” Então, corri atrás de um arbusto no meio do deserto. Acho que nunca fiz isso antes. Foi tudo memorável. Acho que também no dia em que Matt e Christian tiveram aquela grande cena de luta dentro de casa, foi uma coisa tão divertida de assistir. Os dois são tão engraçados e tão bons em serem lutadores terríveis. Isso foi bastante memorável. Não me esquecerei disso.

Collider: Você está alcançando um marco com a quinta temporada de Outlander, o que é muito raro para uma série de TV nos dias de hoje. Pelo o que você está mais animada com a próxima temporada? Como tem sido a experiência, à medida que a série continua crescendo e mudando?

Caitirona Balfe: Sim. É engraçado, todos nós definitivamente começamos a sentir que estamos em um lugar muito privilegiado com a série, que está no ar há tanto tempo, que ainda tem um público e que parece que ele está crescendo e que ainda são dedicados. O que realmente amamos em gravar esta temporada é que descobrimos maneiras de continuar ultrapassando os limites. Para a Claire, no final da temporada, tenho um material realmente desafiador e isso é muito legal, poder se aprofundar em uma série. À medida que as temporadas passam, você encontra estabilidade e não está fazendo coisas tão interessante, mas ainda ultrapassamos os limites e isso é ótimo como ator.

Collider: A série é baseada nos livros, mas não adere 100% aos eventos deles. Para a quinta temporada, parece que há um bom equilíbrio do que os fãs do livro podem querer ver, com possíveis surpresas?

Caitirona Balfe: Sim. Definitivamente tivemos que fazer algumas mudanças, obviamente. Quando você muda pequenos trechos de livros anteriores, no momento em que o próximo livro é lançado e depois o próximo livro, você está lidando com desvios maiores do que está no livro verdadeiro. Mas tentamos, na medida do possível, voltar aos enredos e à história de Diana. Ela até escreveu um episódio nesta temporada, que foi fantástico de gravar. As principais histórias do Livro 5 estão lá e emprestamos algumas coisas do Livro 6. Acho que é uma temporada muito forte. Acho que os fãs ficarão realmente e agradavelmente surpresos e felizes.

Collider: Outlander é uma série de TV em grande escala e Ford v Ferrari é um filme em grande escala. O que te surpreendeu em fazer um filme dessa escala?

Caitirona Balfe: Obviamente, tudo é maior e melhor em um set de filme. O serviço de buffet é sempre o primeiro sinal. Mas devo dizer que, em Outlander, temos um orçamento bastante grande e o valor da produção que colocamos em nossa série é bastante surpreendente. Gravar nos Estados Unidos e quando o sol brilhava na Califórnia era muito diferente, na verdade, de gravar na Escócia. O luxo de fazer um filme é tempo e ter o roteiro. Você tem quatro meses para filmar e tem o roteiro desde o primeiro dia. Enquanto na TV, você recebe os roteiros de forma rápida e furiosa e as coisas estão mudando o tempo todo. Você simplesmente não tem o mesmo luxo de tempo, quando se filma sete ou oito páginas por dia, em vez de duas. Essa foi definitivamente a maior diferença.

Ford v Ferrari está em exibição nos melhores cinemas.