Conto de Viajante: Caitríona Balfe

  • 08 de janeiro de 2022

Caitríona Balfe é parte do recheio da revista digital de janeiro da companhia aérea British Airways, a British Airways High Life. Em sua entrevista, a atriz falou sobre as viagens já feitas, as que gostaria de fazer e as mais especiais para ela.

A modelo irlandesa, atriz e estrela de Outlander revela por que ela mal pode esperar para retornar ao Nepal, por quê a Índia deveria estar na lista de desejos de todo mundo e o motivo da Islândia precisar ser vista para que acreditem nela

Por Ally Wybrew

Onde você está agora?
Estou em Marylebone, Londres.

O que você mais ama e sente falta no seu país?
Eu nasci em Dublin, mas cresci na cidade a cerca de duas horas ao norte da cidade, bem na fronteira. Quando estou longe, sinto falta do pão integral da minha mãe. É provavelmente o melhor que já comi. Eu tenho a receita, mas minha mãe é uma daquelas pessoas chatas que diz, “Ah, eu coloquei um pouco disso e um punhado daquilo”, então não há medidas corretas e nunca fica igual. Ela tem mão para isso.

Quando foi sua primeira viagem ao exterior?
Venho de uma família tão grande que não íamos muito para o exterior nas férias, então minha primeira viagem sozinha foi quando eu tinha 17 anos, o que foi bastante tarde. Fui à Praia da Rocha, em Portugal, com o meu primeiro namorado. Não foi muito glamoroso! Mostra a minha idade, mas acho que simplesmente entramos na agência de viagens e escolhemos de um folheto. Foi um pouco trágico!

Qual foi sua experiência de viagem a trabalho preferida?
Uma que é realmente memorável é de quando fui à Índia para uma sessão de fotos. Fizemos essa viagem turbulenta em quatro ou cinco dias que começou em Goa e depois acabamos dirigindo à noite para um lugar chamado Hampi, que é um local da Unesco e é absolutamente deslumbrante. Fizemos de tudo, desde ficar em um lugar bem ocidental em Goa até um lugar bem econômico em Hampi, e daí acabamos em um resort luxuoso ao longo da costa nas últimas noites. Foi fantástico. Eu vi tantos níveis diferentes da Índia em uma única viagem. Foi simplesmente um abuso aos sentidos: visualmente, os cheiros, o sabor, o ruído. É tão diferente de viajar pela Europa ou nos Estados Unidos, onde existe uma sensação semelhante em tudo. As cores que você vê e as pessoas que encontra são incríveis e a comida também é. É um lugar tão especial. Eu amo muito a Índia.

Você já aceitou um trabalho por causa de onde ele será filmado?
Ainda estou esperando o trabalho que me pede para filmar no Havaí! Mas, não, acho que nunca aceitei um trabalho por causa disso. Dito isso, um dos meus primeiros trabalhos como atriz foi no Chile e ficamos lá por um mês, o que foi um bônus. Quando os produtores e eu estávamos conversando sobre o trabalho, eu sabia que diria sim de qualquer maneira, mas quando disseram que seria filmado no Chile e que ficaríamos lá por um mês, eu apenas pensei: “Oh meu Deus, sim . Coloque-me naquele avião!”

Como ficamos lá por pouco mais de um mês, eu não estava trabalhando o tempo todo. Uma viagem que o elenco e a equipe fizeram foi quando todo mundo teve uma ressaca muito forte. Eu tinha combinado que todos iríamos em uma manhã de domingo a essas fontes naturais nos Andes, na fronteira entre Argentina e Chile. Achei que fosse uma viagem de 40 minutos, mas acabou sendo uma viagem de duas horas e 40 minutos! Eles estavam todos me xingando até chegarmos ao local, o que foi incrível. A água escorria nesta fonte natural, então as primeiras piscinas em que ela se acumulava eram muito quentes e, em seguida, gotejava em outra e depois em outra e, quando chegava na última, era muito fria e tinha toda essa sílica, ou lama mineral, nela. Você tinha que se cobrir de lama e depois sentar-se em todas as diferentes piscinas. Todas as pessoas com ressaca ficaram muito felizes no fim.

Qual destino mais te surpreendeu?
Austrália. Só fui lá pela primeira vez há quatro anos, por algumas semanas e, por algum motivo, tinha uma impressão diferente de como seria. Eu fui para Sydney e Byron Bay, e Sydney foi uma surpresa. Na minha cabeça, pensei que teria muitas construções, mas com longas praias, um pouco como Miami Beach (que também adoro). Em vez disso, estava cheio de lindas enseadas e era muito mais verde do que eu esperava. Foi muito especial e tinha tantos bairros diferentes. Acabei adorando e fiquei chateada comigo mesma por não ter estado lá antes.

Você já passou po um momento de verdadeira inspiração em uma viagem?
Anos e anos atrás, eu estava no Nepal e estávamos hospedados em Dhulikhel, nas montanhas baixas (embora pareça muito alto!). Estivemos lá por alguns dias e sempre estava nublado. Certa manhã, às 5 da manhã, as pessoas do hotel em que estávamos começaram a bater à nossa porta, dizendo: “Você tem que vir! Você tem que vir!” Era o amanhecer. As nuvens onde estávamos tinham sumido e, pela primeira vez, vimos o Himalaia direito. Acho que fiquei mais pasma do que nunca. Você já sente como se estivesse no topo de uma montanha e, então, tem que esticar o pescoço para olhar para as montanhas mais majestosas e cobertas de neve que você já viu. Foi incrível de observar, enquanto o sol nascia. Foi definitivamente um momento espiritual e ficará comigo para sempre.

Para onde você não pode esperar para voltar?
Seria uma disputa entre o Nepal e Cuba. Eu fui para Cuba a trabalho anos atrás e adoraria voltar porque era linda. Acho que qualquer lugar que, de alguma forma, escapou dessa homogeneização que aconteceu com grande parte do mundo se torna um lugar incrível para ir. Há uma sensação única. Quando estive lá, fiquei hospedada no Hotel Nacional de Cuba. É muito real, mas também há algo muito romântico nele. Ele tem uma linda piscina com palmeiras e luzes à noite. A incrível música cubana toca à noite e realmente te transporta para uma época diferente.

Qual é a sua refeição favorita e onde ela tem o melhor sabor?
Eu acho que é muito difícil vencer o Momofuku, em Nova York. Ocasionalmente, fico com desejo do ramen deles. Quando morava em Nova York, eu ia lá sozinha, tinha meu cantinho e saboreava minha tigela de ramen. Era muito bom.

Qual foi a sua estadia em hotel mais memorável?
Tem havido muitas… Quatro ou cinco anos atrás, fiz um safári na África do Sul. Estávamos filmando Outlander lá por alguns meses na Cidade do Cabo e meu marido e eu fomos para a Reserva Kariega, no Cabo Oriental. Ficamos em barracas luxuosas. Quando acordamos de manhã, podíamos ver girafas e elefantes cruzando as planícies à nossa frente. Foi realmente incrível e uma das viagens mais especiais que já fiz. O Safari é provavelmente a coisa mais incrível e simples que você pode fazer. Há uma sensação muito estranha, quando se está entre todos esses animais em seu habitat natural. Também fizemos um safári noturno e o céu na África do Sul é um dos mais incríveis que já vi. As estrelas eram incríveis. É a coisa mais alucinante; você se sente como se estivesse em um planetário. Foi uma viagem muito, muito especial. Eu realmente quero voltar.

O que você gosta de fazer em um vôo?
Depende. Há momentos em que eu só quero ler e estar no avião é um ótimo espaço para bloquear tudo e ler. Eu costumava começar um livro quando decolava em Los Angeles (por exemplo) e quando pousava em Londres, estava chegando à última página. Essa é a coisa mais incrível, especialmente se você tem dez páginas restantes e está pensando: “Espero que tenhamos que taxiar por um bom tempo”, então você está lendo rápido e ansiosa porque é emocionante lá pelo final. Isso já aconteceu algumas vezes.

Além disso, filmes. Algo acontece com você quando você está no ar. Há um nível emocional que você atinge, quando assiste a filmes em um avião que nunca alcançaria em nenhum outro lugar. Você acaba chorando por causa dos filmes mais ridículos. Lembro-me de assistir No Pique de Nova York, o filme das gêmeas Olsen, e estava chorando muito. Realmente não é tão comovente ou profundo, mas me pegou! Algo acontece com você quando se está no céu. Eu não sei o que é.

Qual lugar todo mundo deveria visitar uma vez na vida?
Estou relutante em dizer isso, porque já está ficando muito popular, mas a Islândia. É tão linda. Ver Aurora Boreal é algo que todos deveriam fazer. Eu a vi na Islândia e foi muito, muito especial. Mesmo sabendo a razão científica disso, ainda parece mágica. Isso faz você entender por que existe toda essa mitologia na Islândia e algumas pessoas acreditam em fadas. Claro que acreditariam, ao ver essas luzes dançando no céu várias vezes por ano.

O que você mais gosta nas viagens?
A experiência de diferentes culturas e ter essa perspectiva diferente. É inestimável. Viajar é a melhor educação que você receberá. Você aprende muito sobre a semelhança entre as pessoas, mas também sobre as diferenças. É a semelhança que nos une, mas as diferenças que nos tornam especiais.

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No Brasil, o filme estreia em 24 de fevereiro pela Universal Pictures. Em 2021, o filme foi exibido no Festival de Cinema do Rio, em dezembro.