Caitríona Balfe e seu colega de elenco Jamie Dornan estão no recheio da Vogue inglesa de janeiro. Leia a seguir a tradução da matéria e veja o ensaio fotográfico dos atores em nossa galeria.

Jamie Dornan e Caitríona Balfe refletem sobre revisitar Os Conflitos em Belfast

A atuação deles no drama de Kenneth Branagh da era dos Conflitos fez com que a dupla seja cotada para a glória das premiações. Aqui, as estrelas contam para Olivia Marks sobre crescer na Irlanda e o real significado do filme. Fotos por Scott Trindle. Styling por Julia Brenard.

por Olivia Marks

Como os leitores regulares desta ou de qualquer revista sabem, as entrevistas com celebridades tendem a ocorrer em um dos vários cenários: cantos privativos e com iluminação favorável de restaurantes glamorosos, cafés de bairro menos conhecidos, suítes de hotel anônimas, mas luxuosas. Igrejas? Nem tanto. Mas, devido a uma reviravolta nos acontecimentos (muito tedioso para contar aqui), é em uma capela moderna e fria em uma igreja do norte de Londres, sentados em cadeiras de madeira grandes com pesadas Bíblias com capa de couro enfiadas embaixo delas, que Caitríona Balfe e Jamie Dornan encontram-se para a entrevista com a Vogue.

Inevitavelmente, a conversa se volta muito rapidamente para a religião. “Simplesmente, não é para mim“, diz Dornan, de 39 anos, com aqueles tons profundos e indiferentes de Belfast instantaneamente reconhecíveis. Ele está recostado na cadeira, um saquinho de chá no copo para viagem em sua mão. “Tudo o que você sente que precisa, o que quer que te ajude“, continua ele. “Eu nunca senti que precisava da religião para me dizer para tratar bem as pessoas.

Eu vejo o valor em termos de comunidade“, intervém Balfe, de 42 anos, filha de uma mãe católica e conselheira matrimonial, em seu sotaque irlandês suave e lírico. “Mas é o tipo organizado de hipocrisia disso tudo que me pega…

É um lugar um tanto intenso, embora não totalmente inadequado, para discutir o próximo projeto dos atores, Belfast, o filme semiautobiográfico de Kenneth Branagh sobre sua infância na capital da Irlanda do Norte no início dos Conflitos, em agosto de 1969. Balfe e Dornan interpretam Ma e Pa, os pais de Buddy, de nove anos (baseado em Branagh), que, à medida que a violência chega a rua deles, explodindo sua comunidade unida de vizinhos protestantes e católicos, são confrontados com uma decisão agonizante: eles deixam tudo o que conhecem e se mudam para a Inglaterra? Ou eles ficam e se arriscam?

Filmado em preto e branco ricamente atmosférico (uma homenagem a Henri Cartier-Bresson, diz Branagh), este é um filme profundamente evocativo, que colocou todos os envolvidos (Branagh, Dornan, Balfe, ao lado de Ciarán Hinds e Judi Dench, e o fascinante recém-chegado Jude Hill) em evidência em todas as conversas sobre premiações.

Se você nasceu e foi criado lá, sabe muito bem que é de um lugar muito complicado“, diz Dornan sobre sua experiência crescendo em Belfast nos anos 1980 e 1990. Criado em uma família protestante de classe média alta (seu pai, obstetra e pioneiro médico Jim Dornan, morreu de Covid-19 no ano passado), ele tem o cuidado de apontar que sua existência foi privilegiada, longe das áreas predominantemente da classe trabalhadora da cidade que se tornou campo de batalha. Sua escola era 50 % protestante e 50 % católica. (E que mesmo agora, apenas sete por cento das escolas na Irlanda do Norte sejam integradas é, diz Dornan, “insano“.) No entanto, “Desde o dia em que nasci, até o dia em que parti, as pessoas estavam praticamente lutando uma guerra civil.

Balfe, enquanto isso, morava na República da Irlanda, uma de sete filhos, bem na fronteira em Monaghan. Era, ela diz, “uma área muito inclinada ao IRA. Mas meu pai era sargento da polícia – é por isso que estávamos lá – então fomos criados muito apolíticos.

Para ambos, a ideia de “lados”, de divisão, não estava muito no dia-a-dia. Pelo menos, eles não estavam cientes disso, como as crianças muitas vezes não estão. “Sempre penso em coisas que se tornaram normais, mas que não eram normais“, diz Dornan. “Como tentar encontrar seus amigos nas tardes de sábado na cidade e houve um susto de bomba.

Lembro que costumávamos fazer compras semanais no norte“, acrescenta Balfe, “e você passava pelos postos de controle pelo menos uma vez por semana. Nós nem pensamos nisso até que nossos primos vieram do sul e eles ficaram aterrorizados ao passar, porque havia soldados britânicos com metralhadoras apontadas para o carro pedindo seus documentos.

Me pergunto se interpretar Ma e Pa permitiu uma nova perspectiva, para eles verem de novo, através dos olhos de seus personagens adultos, suas próprias infâncias e aquele período da história da Irlanda, principalmente porque ambos agora são pais. Dornan e sua esposa, Amelia Warner, têm três filhas: elas são o protetor de tela do telefone dele, que ele me mostrou, espontaneamente, no início do dia, absolutamente apaixonado. Balfe recentemente se tornou mãe pela primeira vez, seu filho de 10 semanas foi o motivo pelo qual ela teve que passar 30 minutos com uma bombinha para tirar leite na traseira de uma van entre as fotos para esta sessão. (Não dá para saber: sua pele impecável e cabelo castanho brilhante não dão sinais de privação de sono.)

Agora, eu tenho filhos“, diz Dornan, depois faz uma pausa. Ele olha para o lado. É clara a cena que ele está representando em sua mente. “Porra“, ele continua. “A ideia de elas checarem embaixo de seus carros por bombas em suas garagens… Isso era normal. Você não pode nem imaginar isso agora.

Muitos filmes documentaram e dramatizaram os Conflitos, mas a maioria tendeu a focar na violência, nas ideologias. Em Belfast, Branagh oferece outra visão, uma que destaca uma comunidade que sofreu violência.

Sim, o filme retrata intimidação e bombardeios, brigas e medo, mas também há festas de rua e cantos, uma história de amor jovem, os altos e baixos diários de um casamento. Mostra a vida acontecendo. “No início do conflito, eu mal saberia que era assim, que na verdade, apesar das barricadas, havia dança na rua“, admite Dornan. “Não foi puro terror desde o início. Ainda havia esperança. Acho muito importante ver isso.

Branagh começou a escrever o filme durante o primeiro lockdown; no verão de 2020, eles estavam em produção. “Um amigo perguntou quanto tempo levei para escrever o roteiro“, escreve Branagh por e-mail. “Eu disse, ‘Três meses’. Ele disse, ‘Sim, três meses e 50 anos.’” Sobre suas estrelas, ele diz: “Eles captaram a intensidade e o chiado do relacionamento, o desejo pela vida. Eles se jogaram na dança, o que gerou tanta energia elétrica. Eles brincavam um com o outro sobre suas chamadas limitações e cuidavam um do outro.

A provocação está em plena exibição hoje. “Você não sabia sobre a carreira musical dele?” Balfe pergunta, fingindo inocência, quando eu investigo sobre a cantoria de Dornan em Belfast, e seu número de música e dança na recente comédia cult Duas Tias Loucas de Férias. Balfe está se referindo ao pedaço em que Dornan é o líder de uma banda. “Eu não posso te dizer o quão difícil é excluir coisas da internet“, ele murmura. (Sobre seus talentos musicais, ele é modesto: “Eu sempre digo que sei cantar tanto quanto o ator idiota mais próximo sabe.”)

Dado o quão bem os dois se dão, é surpreendente que eles tenham se conhecido apenas alguns anos atrás, e especialmente quando você considera que eles, de muitas maneiras, levaram vidas paralelas: uma idade semelhante, ambos da Irlanda, cada um teve carreiras de sucesso como modelos antes de passar para a atuação. No início dos anos 2000, Balfe foi uma craque nas passarelas, fazendo aparições para Chanel, Givenchy e Louis Vuitton. Por um período naquela mesma década, Dornan foi referido como o “Golden Torso” (Torso de Ouro), famosamente posando sem camisa com Kate Moss para a Calvin Klein Jeans. Como é que seus caminhos não se cruzaram? “Veja“, diz Balfe, “eu não conseguia tirar uma foto e Jamie não conseguia andar.

Lembro-me de ouvir que havia uma modelo de Monaghan“, responde Dornan. “Eu fiquei tipo, ‘Até aprece…’

Desde 2014, Balfe está sediada em grande parte na Escócia, onde filmou seis, quase sete, temporadas do drama histórico Outlander, estrelado por ela. Dornan, ela diz, “anda por círculos muito mais sofisticados” do que ela. É verdade que ele teve, até hoje, a carreira mais hollywoodiana dos dois. Depois de provar suas habilidades de atuação interpretando um serial killer em The Fall, ao lado de Gillian Anderson, Dornan ficou conhecido mundialmente como o bem-definido e taciturno Christian Grey na trilogia Cinquenta Tons de Cinza. Interpretar o fotógrafo de guerra Paul Conroy, assim como sua última participação no suspense da BBC deste mês, The Tourist, ajudou a afastar sua carreira do legado de Grey. E agora, potencialmente, o Oscar o chama. Claro, nenhum deles se aproveitará disso.

Antes disso, porém, eles precisam enfrentar críticas ainda mais duras: a torcida da casa. Uma semana depois de nos encontrarmos, eles levarão o filme para Belfast. Eu pergunto a Dornan como ele acha que vai ser? “Brutal“, vem sua resposta.

Há uma geração jovem que está surgindo, que não viveu os Conflitos, e há novamente esse tipo de romantismo em ter uma causa e lutar por uma causa“, diz Balfe, referindo-se aos casos perturbadores de violência que recentemente ressurgiu na Irlanda do Norte. “Talvez seja pedir demais que um filme mude a mente das pessoas, mas acho importante que as pessoas o vejam.” Dornan concorda: “Qualquer coisa que possa provar que não há vencedores no final de tudo isso é bom para que a próxima geração veja.

Algumas semanas depois, Branagh enviou e-mails sobre a exibição em sua cidade natal. Havia, ele escreve, “atenção elétrica, risos e lágrimas e, para meu profundo deleite, um sentimento de orgulho nesta bela e ferida cidade de maravilhas.

Belfast estará nos cinemas do Reino Unido em 21 de janeiro.

Cabelo: Anna Cofone.
Maquiagem: Jenny Coombs.
Preparação: Joe Mills.
Unhas: Robbie Tomkins.
Produção: North Six.
Arte digital: IMGN Studio.
As regras de distanciamento social foram seguidas ao longo desta sessão de fotos.

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Com a estreia da sexta temporada de Outlander daqui a quase um mês, mais informações e novas imagens dos primeiros episódios da série que adaptará o sexto livro Um Sopro de Neve e Cinzas foram divulgados.

A temporada que estreia no Festival de Cinema de Glasgow em 03 de março, no Glasgow Film Theatre, e na televisão em 06 de março mostrará Claire e Jamie se aproximando da Guerra de Independência dos Estados Unidos, evento que supostamente virará a vida da Cordilheira Fraser de cabeça para baixo. Esta temporada de Outlander terá apenas 8 episódios, no entanto o episódio de estreia terá 1h30min de duração. Os demais serão adicionados à sétima temporada, totalizando 16 episódios.

6.01 ‘Echoes’
6.02 ‘Allegiance’
6.03 ‘Temperance’
6.04 ‘Hour of the Wolf’
6.05 ‘Give Me Liberty’
6.06 ‘The World Turned Upside Down’
6.07 ‘Sticks and Stones’
6.08 ‘I Am Not Alone’

Confira a seguir a sinopse oficial da sexta temporada da série.

A sexta temporada mostra a continuação da luta de Claire e Jamie para proteger aqueles que amam, enquanto navegam pelas provações e tribulações da vida na América colonial. Estabelecer uma casa no Novo Mundo não é uma tarefa fácil, particularmente no interior selvagem da Carolina do Norte, e talvez mais significativamente, durante um período de dramática agitação política. Os Frasers se esforçam para manter a paz e florescer dentro de uma sociedade que, como Claire sabe muito bem, está marchando involuntariamente em direção à Revolução. Nesse cenário, que anuncia o nascimento da nova nação americana, Claire e Jamie construíram uma casa juntos na Cordilheira Fraser. Eles devem agora defender esta casa, estabelecida em terras que lhes foram concedidas pela Coroa, não apenas de forças externas, mas também da crescente luta e conflito na comunidade sob os cuidados deles. Para os Frasers e sua família, “casa” é mais do que simplesmente um local em que vivem, é o lugar onde eles estão lançando as bases para o resto de suas vidas. Se a quarta temporada perguou “O que é o lar?” e a quinta temporada “O que você está disposto a fazer para proteger sua casa?”, então a sexta temporada explora o que acontece quando há desarmonia e divisão entre os habitantes da casa que você criou: quando você se torna um estranho, ou um ‘forasteiro’ (outlander), por assim dizer, marginalizado e rejeitado em sua própria casa.

Veja o trailer da sexta temporada e uma cena exclusiva legendados pelo Fraser’s Ridge Brasil.

Trailer

Cena

Veja também Caitríona Balfe falando sobre a sexta temporada e Claire.

Adicionamos em nossa galeria os pôsteres oficiais desta temporada e imagens promocionais dos três primeiros episódios e dos bastidores deles. Confiram no link a seguir.

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Durante o Festival Internacional de Cinema de Toronto, que aconteceu em setembro de 2021, Caitríona Balfe conversou com o podcast The Awardist e explicou como fundiu sua história pessoal com a de Kenneth Branagh, diretor de Belfast. A atriz também falou sobre os preparativos para a cena de dança com Jamie Dornan e a catarse de honrar as vidas da Irlanda “destruídas por esse partidarismo e ideologia ridículos“. Veja a tradução de toda a conversa a seguir.

Enterteinment Weekly: Parabéns pelo novo bebê!

Caitríona Balfe: Obrigada. Estou privada de sono, mas os carinhos compensam!

A maternidade é uma adorável passagem em Belfast, porque a força maternal e o amor que você traz para esse papel são muito emocionantes. Como foram suas conversas iniciais com Kenneth?

Ele me enviou o roteiro antes de conversarmos. É tão cheio de sentimento que me emocionei lendo. Como eu disse a ele na primeira vez que conversamos, Ma parecia tão familiar para mim. Você não pode deixar de pensar em sua própria infância, sua própria mãe. Isso me tocou.

Em um de nossos primeiros dias juntos, Ken colocou eu, Judi [Dench], Ciarán [Hinds] e Jamie em uma sala juntos e conversamos sobre nossa criação. Ken fez muitas perguntas, todos falamos. Embora esta seja a história de Ken, ele queria que nos ligássemos com as coisas pessoais para nós e encontrássemos semelhanças entre nós e os pais dele.

Você conversou com a família dele?

Os pais de Ken infelizmente já faleceram, mas seu irmão e sua irmã fazem participações especiais no filme. Eu não falei com eles antes, mas nós os conhecemos durante as filmagens. Ken usou muitos membros da equipe com quem ele sempre trabalha. Era uma equipe pequena nesta bolha, eu estava em um hotel com as crianças e suas mães, então tinha uma sensação de família mesmo assim!

Você disse anteriormente ao The Irish Times que crescer em cidades de fronteiras não foi fácil. A época de Belfast está a cerca de 15 anos de sua infância, mas você pode falar sobre como canalizou sua experiência para a Ma?

Embora eu não tenha crescido em Belfast ou no Norte, estávamos tão próximos que fomos afetados. Enquanto Ma e Pa deixaram Belfast, meu pai, que era sargento da polícia, foi transferido para a fronteira quando eu era bebê. Nossas vidas foram completamente moldadas por isso. Minha mãe deixou sua comunidade próxima de uma maneira muito semelhante à da Ma. Minha mãe tem oito irmãos e ela deixou todos eles nesta comunidade unida para ir morar na fronteira onde meu pai trabalhava. Não fomos bem recebidos inicialmente, porque a polícia era vista com muita desconfiança e as pessoas naquela área não eram simpáticas a um exército provisório. Fazendo a pesquisa, assisti muitas imagens daquela época. Quando você vê como seu próprio povo e essas comunidades foram destruídas por esse partidarismo e ideologia ridículos e pessoas que usam isso para criar divisões entre pessoas que viveram completamente pacificamente por anos, é de partir o coração… esse conflito ainda está acontecendo. Mas, obviamente, houve o Acordo de Belfast e o processo de paz em 1998, dos quais eu estava muito ciente na época em que estava na Irlanda. Eu sei que Jamie e Ciarán são de Belfast, e a mãe de Judi é irlandesa, então todos nós sentimos uma conexão profunda com o filme. É engraçado como você vê o exército e os tanques britânicos passando pela cidade, e na minha infância eu passava regularmente por postos de controle do exército britânico, indo para o Norte para fazer compras ou ir ao dentista.

Existem elementos políticos e sociais aqui, mas Belfast é sobre a família em primeiro lugar. Como é dar um rosto às pessoas que viveram esse conflito? É catártico?

Quando você recebe um roteiro sobre a Irlanda do Norte ou que se passa na Irlanda do Norte, é sempre sobre a ideologia. E este era sobre as pessoas, a comunidade, o coração. Foi especial celebrar isso. Falar sobre a humanidade das pessoas, claro, foi gratificante. Você sente uma responsabilidade especial de garantir que isso seja importante e parece especialmente oportuno, por causa do Brexit no ano passado, tudo está esquentando novamente. Você quer apenas fazer com que as pessoas vejam que isso é o que é importante; essa besteira sobre o nosso lado, o lado deles, Ken fala muito bem sobre isso no filme. É tão ridículo. Somos todos seres humanos, todos têm sonhos, somos todos aquele garotinho, somos todos Buddy em algum momento. É tão importante se conectar a isso e lembrar disso e ver que seu suposto adversário é igual.

Este é um elenco maravilhoso e as camadas emocionais que você e Jamie construíram são palpáveis. Mas há ótimos momentos físicos entre vocês, principalmente quando você joga pratos nele! Isso foi improvisado?Foi ótimo, tivemos que fazer isso algumas vezes. Ken é tão incrível, obviamente tínhamos a cena no roteiro, mas ele deixa você brincar. Havia liberdade nisso. Qualquer cena em que eu jogo coisas nas pessoas é divertida! Uma das coisas que Ken enfatizou foi como essas pessoas amam ferozmente e riem ferozmente. Mesmo que eles estejam discutindo em um minuto, no próximo eles estão dançando e se beijando. A vida é grande e completa, e Jamie e eu gostamos de brincar com isso.

Em nosso primeiro dia juntos, tivemos um ensaio de dança para duas pessoas. Agora que eu o vi dançar em uma praia em Barb and Star… Ele disse, “Ah, eu não sei dançar“, e eu definitivamente não sou alguém que aprende coreografia bem, então se alguma vez houver um bom momento para se aproximar, junte duas pessoas que dizem não dançar muito bem para ensaios de dança!

Conte-nos sobre a filmagem da dança. Quanto tempo vocês trabalharam nela antes de filmar?

Não muito tempo! [Risos] Tínhamos um coreógrafo incrível que nos roubava por algumas horas entre as filmagens. Foi uma onda de calor em Londres, então houve um ou dois dias em que estava 35 graus Celsius ou mais e estamos tentando aprender esses movimentos de dança em um pedacinho de sombra. Estávamos morrendo. Não queríamos que parecesse que eles eram muito profissionais, então essa é a minha desculpa para a sensação amadora que demos!

Como é o Jamie como parceiro de dança?

Ele é uma daquelas pessoas irritantes que dizia: “Eu nunca vou conseguir fazer isso!” e então, no dia da filmagem, ele simplesmente arrasou e fui eu quem cometeu erros. Ele foi perfeito! Foi uma boa diversão. Sempre que você faz coisas assim, é libertador e divertido. E é um momento tão bonito no filme. Observamos o Jude [Hill], enquanto eles filmavam suas reações de close-up para nós dançando, e Jamie e eu ficamos lá como dois pais orgulhosos. Ele é tão incrível e parecia tão angelical, mas passando por toda essa gama de emoções que Ken provocou. Nós estávamos tipo, “Nosso filho!”

Todos vocês estão sendo aclamados pelos festivais de outono. Você passou por isso com os Emmys no circuito de premiação, mas ainda é cedo na temporada do Oscar. Como é esse período de espera? É estressante ou validador?

É muito legal que as pessoas se conectem a ele e se divirtam. Fico feliz pelo Ken, porque sei o quanto ele colocou nisso e isso significa muito para ele. Ver as pessoas abraçando isso, porque ressoou com elas, isso me deixa feliz… É ótimo quando você gosta do processo de fazer algo, quando a experiência é especial para você de maneira pessoal. Ver isso ser lançado no mundo e tocar as pessoas, é ótimo. Mesmo que não, ainda seria um filme especial para mim. Mas o fato de ter fito isso… é a cereja do bolo.

Caitríona Balfe estampou a capa da revista do jornal inglês The Guardian do último domingo e foi entrevistada por Tim Lewis, quando falou sobre seu mais novo filme aclamado pela crítica, Belfast, a família, a fama e seus fãs. Confira! O ensaio fotográfico que acompanha a matéria pode ser conferido em nossa galeria e através dos links no final da página.

CaitrÍona Balfe é a brilhante estrela de Belfast, de Kenneth Branagh, que pode ser indicado ao Oscar. Ela fala sobre como a modelar quase a destruiu, criar um vínculo no set com Judi Dench e sua infância durante os Conflitos
por Tim Lewis

Caitriona Balfe consegue se lembrar do momento exato em que percebeu que estava cansada de ser modelo. Era meados dos anos 2000 e Balfe tinha uns 27 anos, ela acha. Fazia quase uma década desde que ela havia sido abordada em um supermercado de Dublin, enquanto chacoalhava uma lata para uma instituição de caridade para esclerose múltipla. Ela tinha se saído muito bem, desfilando para Louis Vuitton e Chanel, passando rapidamente entre Paris, Milão e Nova York. Balfe e suas amigas se autodenominavam “as modelos de colarinho azul” – elas não eram o 0,1% das supermodelos, os nomes conhecidos, mas as próxima da lista.

Agora, porém, Balfe estava em Dallas, fazendo um ensaio bem pago, mas sem graça, para um catálogo. Após cada montagem, um produtor tocava um pequeno sino para indicar que eles precisavam se trocar rapidamente com a próxima roupa. Na idade dela, naquele negócio viciado em jovens, Balfe sabia que o tempo estava correndo. Ela lidou com a quantidade de rejeição direta que poderia aguentar por uma vida toda. “Os desfiles eram divertidos e empolgantes, mas com catálogos, você fica parado como um varal de roupas – literalmente“, diz Balfe. “E sabe, ‘Isso não é o que eu quero fazer da minha vida.’

Ser modelo faz duas coisas“, continua Balfe, com uma risada irônica. “Te dá um exterior muito, muito resistente e, mas um interior realmente quebrado. A experiência de cada um é diferente, mas sei que minha confiança e minha autoestima, quando terminei, estava no banheiro. Estar nisso por tanto tempo pode te deixar bastante confuso por um tempinho.

É apenas um pequeno spoiler mencionar neste momento que as coisas acabaram dando muito bem para Balfe, que agora tem 42 anos. É por isso que estamos sentados esta manhã no início de dezembro em um hotel muito luxuoso em Londres, compartilhando uma garrafa de água mineral que custa apenas um pouco menos do que uma garrafa de vinho decente. Ela está usando um vestido midi e bem largo da grife Lauren Manoogian e é a primeira pessoa que conheci que faz uma máscara ser glamorosa. Agora sabemos que, depois de deixar de ser modelo, Balfe estrelaria em cinco temporadas e contando de Outlander, a popular série de TV. No final da tarde, ela descobrirá que foi indicada ao Globo de Ouro por sua brilhante atuação em Belfast, o novo filme de Kenneth Branagh. Presume-se (pelos críticos e praticamente todos os outros, exceto Balfe) que uma indicação ao Oscar acontecerá no próximo mês.

Mas de volta a Dallas, na sessão de fotos do catálogo, a transição não parecia tão óbvia. Antes do “desvio” de Balfe para a moda, ela havia estudado atuação no Instituto de Tecnologia de Dublin e, depois de largar a carreira de modelo, retomou os estudos, frequentando aulas em Nova York. “Alguém deveria colocar uma câmera em uma dessas salas“, ela diz. “Era uma insanidade absoluta!” Ela conseguiu um trabalho piscou-e-perdeu como figurante no filme de 2006 de Meryl Streep, O Diabo Veste Prada, no qual ela acha que suas pernas podem ser vistas na cena de abertura, numa coleção de pés em saltos que estão entrando nos escritórios da revista Runway. Balfe não podia ser muito exigente naquela época, mas ela aprendeu que eram esses tipos de papéis que ela não deveria ir atrás.

Muitos atores costumavam trabalhar em bares ou costumavam ser isso ou aquilo, mas você vem com muito estigma quando se é modelo“, ela diz. “E isso é uma coisa difícil de superar, sendo a primeira coisa que as pessoas acharam de mim.

Havia muitas rejeições como atriz, também (talvez até mais do que na moda), mas Balfe achou isso, de alguma forma, mais palatável: pelo menos ela geralmente abria a boca antes de ser preterida. “Em uma audição, se não deu certo, nem sempre foi porque você não fez um bom trabalho ou não foi bom“, ela argumenta. “Foram outras coisas arbitrárias, do tipo seu nome não ser grande o bastante. O que também pode destruir a alma, mas não sei, é diferente.

Depois de alguns anos, Balfe foi escalada para o piloto de uma nova série sobre uma enfermeira militar da Segunda Guerra Mundial, Claire Randall, que se vê transportada de volta no tempo para as Terras Altas da Escócia em 1743. “Foi um jogo de dados total“, diz Balfe. . “Eu tinha feito alguns trabalhos, nada digno de nota, de verdade. Eu estava morando em Los Angeles e estava realmente em dificuldade, na verdade, fazia cerca de quatro ou cinco meses desde que eu tive um emprego.” Ela gravou uma audição e não ouviu nada. Ela conseguiu um novo agente, enviou outra fita, ainda nada. Ela marcou férias com amigos para a Índia. Foi enquanto o passaporte dela estava na embaixada indiana que Balfe soube que ela precisava ir a Londres, tipo agora, para um teste final de tela.

Outlander construiu uma base de fãs dedicada ao longo de cinco temporadas na Amazon Prime no Reino Unido e no canal Starz nos EUA. Mas em 2013, Balfe não fazia ideia se a série sobreviveria além do piloto. “Então eu assinei [um contrato] por seis temporadas naquela época,” ela diz. “Tipo, você está quebrado, você não tem mais nada acontecendo. Meu advogado disse: ‘Você percebe que isso gravará na Escócia? Você vai ficar lá por um ano para a primeira temporada?’ Eu fiquei tipo, ‘Um ano é ótimo, uma mudança de cenário, não estou fazendo muito em LA mesmo.’ É, eu não sabia que ainda estaria lá quase oito anos e meio depois.

Tudo isso para observar que, à medida que as indicações aos prêmios chegam para Belfast, talvez até colocando-a contra Streep na categoria de melhor atriz coadjuvante, Balfe não é um sucesso da noite para o dia. “Sinto que estou naquele lugar da vida onde, o que está acontecendo agora, sei que não acontece o tempo todo”, diz Balfe. “É legal, mas não significa que você é superimportante.

Balfe nasceu em 1979 e cresceu em Tydavnet, uma cidadezinha na zona rural da Irlanda, não muito longe da fronteira com a Irlanda do Norte. Seu pai era um sargento de polícia, um trabalho difícil e muitas vezes impopular no auge dos Conflitos, e sua mãe cuidava principalmente de seus cinco filhos (Balfe era a quarta) e dois filhos adotivos. Ela tem refletido muito sobre esse período, desde que leu o roteiro de Belfast, que Branagh escreveu sobre sua própria infância na cidade na década de 1960.

Para Balfe, houve o momento em que ela estava no carro com seu primo e eles foram parados em um posto de controle por um soldado britânico com uma arma. Isso era uma ocorrência regular para Balfe, mas seu primo, de Kildare, não fazia ideia do que estava acontecendo. “Ela começou a surtar e estava chorando e gritando: ‘Não atire na minha mãe! Não atire na minha mãe!’“, diz Balfe. “Não foi apenas a experiência dela.” Outra vez, quando ela tinha 11 ou 12 anos, Balfe fugiu para o último andar de um café nas proximidades de Monaghan com uma amiga para fumar cigarros, quando ela desceu houve um susto de bomba e a cidade foi esvaziada.

Minha irmã deveria estar cuidando de mim e obviamente estava procurando por mim há muito tempo”, diz Balfe. “Então ela ficou com medo e quando me encontrou, me deu um tapa. Quando eu conto essa história, minha irmã sempre fica tipo, ‘Eu não posso acreditar que você está me acusando de abuso infantil!’

O filme de Branagh centra-se em Buddy, um menino de nove anos de idade efervescente de uma família protestante, interpretado por Jude Hill. Seu Pa (Jamie Dornan) trabalha como marceneiro na Inglaterra, como o próprio pai de Branagh, enquanto sua Ma (Balfe) faz todo o resto em casa. A história se passa em 1969, no momento em que as barricadas estão surgindo nas ruas de Belfast, separando católicos e protestantes que antes viviam cordialmente como vizinhos. Pa quer que a família se mude para a Inglaterra ou Canadá ou Austrália, onde estão o trabalho e o dinheiro, mas Ma é mais resistente, querendo ficar com os amigos e os avós de Buddy (Judi Dench e Ciarán Hinds).

Isso pode parecer uma premissa desoladora, mas Belfast é um dos filmes mais calorosos e encantadores que você verá este ano. Com trilha sonora de Van Morrison, há nostalgia, mas também um reconhecimento de que, por mais sombrios que os Conflitos se tornaram, também houve afeição, generosidade e até remorso pelo que estava acontecendo.

É estranho, porque obviamente parte do material é tão pesado, mas porque é feito através dos olhos de uma criança, nunca parece assim“, diz Balfe. “É tão alegre, você sai daquele filme se sentindo… completo.

Branagh fez questão de recrutar atores que trariam uma revelância pessoal ao filme: Dornan e Hinds são de Belfast; a mãe de Dench era de Dublin. A primeira vez que eles se reuniram, Branagh os encorajou a compartilhar histórias de seus próprios pais e criação. “Então, não estou pensando em Judi Dench como Dame Judi Dench, a titã da atuação, mas estou pensando na garotinha e suas histórias“, diz Balfe. “Isso simplesmente nivela todo mundo. E acho que todos nós entendemos algo um do outro, todos saímos de casa e não voltamos.

A Ma de Balfe é amorosa, mas feroz, com uma sagacidade e pragmatismo que garante que o filme não se torne uma bobagem. “Para Ma, ela traz uma generosidade de espírito que faz com que a personagem envolva o público sem ser insinuante“, diz Branagh. “A outra qualidade que ela tinha que certamente estava presente em minha mãe, provavelmente na mãe de todo mundo, foi uma ferocidade de paixão ao proteger seus filhos. Você não vai querer estar no caminho de Caitríona: ela é uma pessoa muito atenciosa, muito ponderada, mas há uma leoa a um centímetro da superfície. Eu a queria do meu lado em uma briga. Sem dúvida.

Belfast chega em um momento movimentado, talvez até caótico, profissional e pessoalmente, para Balfe. Em agosto passado, ela e seu marido, o produtor musical Tony McGill, tiveram seu primeiro filho, um menino. Balfe está bem ciente da conversa sobre prêmios para o filme, mas a vida em casa, trocar fraldas, dormir quando pode, fornece alguma perspectiva caso ela se empolgue demais pensando em pequenas estátuas de ouro.

Felizmente, estou fazendo muito isso [trocar fraldas], então não estou pensando muito nos prêmios: é mais ‘Pare de fazer xixi em mim!'”, ela exclama. “Não, se isso acontecesse, eu ficaria muito animada, mas não acho que você possa perseguir essas coisas, porque isso realmente te deixa louco.

Balfe e McGill vivem uma existência “nômade”, passando um tempo em Londres e Los Angeles, mas vivendo a maior parte do ano em Glasgow, enquanto ela filma Outlander. A sexta temporada dessa série retornará em 6 de março, encerrando um hiato que os fãs leais chamaram de “Droughtlander”. Foi uma temporada de testes de se filmar, no inverno de 2021. Havia protocolos Covid e o clima da Escócia para enfrentar. O material também era desafiador: no final da quinta temporada, a personagem de Balfe, Claire, foi brutalmente estuprada, e houve um acerto de contas profundo, psicológico e físico que veio com isso. Tudo enquanto a própria Balfe estava grávida.

A história de Claire foi muito pesada nesta temporada“, diz Balfe. “E é um material muito pesado, também. Então eu fiquei tipo, ‘Seu corpo sabe se você está fingindo estar estressada, chateada e com raiva? Porque você está passando por todas essas emoções para chegar a um estado em que você está chorando ou gritando ou assustada e houve momentos em que eu devia estar grávida de quatro ou cinco meses e estou correndo por aí atirando. E eu fico tipo, ‘O que essa criança pensa?’ Deve ser tipo, ‘Quem diabos é minha mãe? No meio do que estou nascendo?’

Belfast pode ser a introdução de algumas pessoas a Balfe, mas ela já tem seguidores leais graças a Outlander. Alguns estão lá desde o início, outros descobriram a série viciante durante o distanciamento social. Um sinal de sua popularidade vem a cada ano no aniversário de Balfe: 4 de outubro. Em 2020, quando ela completou 41 anos, um grupo de fãs decidiu plantar 41 árvores em sua homenagem. (Por que árvores? Balfe não tem certeza, mas ela segue a instituição de caridade One Tree Planted, que planta uma árvore nativa para cada US$ 1 doado, no Instagram.) Isso rapidamente se tornou 410 árvores e, quando Balfe e seu colega de Outlander Sam Heughan deram o seu apoio, tudo ficou um pouco louco. Naquele ano, mais de 55.000 árvores nativas foram plantadas, em todos os lugares, de Uganda aos Andes. Um número semelhante seguiu em 2021, criando uma “Balforest” de mais de 100.000 árvores.

Isso não é nada“, diz Balfe. “Às vezes as pessoas desprezam séries como essa e fandoms como esse, mas eles são incríveis. E é engraçado, eu digo que às vezes parece que tenho milhares de mães de palco. Da forma mais bonita. Qualquer coisa que eu faça, eles estão lá e tipo, ‘Vá em frente!’

Quanto ao que vem a seguir, Balfe começou recentemente a filmar a sétima temporada de Outlander. Diana Gabaldon, a ex-roteirista da Disney cujos romances inspiraram a série, sugeriu que haverá 10 livros na série, mas no momento Balfe e Heughan se comprometeram apenas com sete. Balfe gostaria de dirigir e escolheu o romance de Sara Crossan, Here is the Beehive, para potencialmente produzir e estrelar. Mas antes disso, ela tem um bebê para cuidar e uma temporada de premiações para enfrentar. É improvável que a Balfe fique sem ofertas depois disso.

Para alguém que começou na indústria tão tarde, tem sido incrível“, diz Balfe, um pouco perplexa com o caminho que está trilhando. “Eu não sei, eu tive muita sorte.

Belfast está nos cinemas agora no Reino Unido. No Brasil, estreará em 10 de março e em seguida no serviço on demand do Telecine.

Confira o ensaio fotográfico que acompanha a matéria, feito por Jason Hetherington.

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Editor de moda: Jo Jones; maquiagem por Mary Wiles da One Representa usando Kat Burki Skincare; cabelo por Gareth Bromell da Premier Hair and Makeup usando Sisley Haircare; unhas por Robbie Tomkins da Premier Hair and Makeup usando Dior Manicure Collection e Miss Dior Hand Cream; técnico digital: Andy Mayfield; assistente de fotógrafo: Alfie Bungay; assistente de moda: Peter Bevan; ensaio feito no estúdio Big Sky.

Caitríona Balfe é parte do recheio da revista digital de janeiro da companhia aérea British Airways, a British Airways High Life. Em sua entrevista, a atriz falou sobre as viagens já feitas, as que gostaria de fazer e as mais especiais para ela.

A modelo irlandesa, atriz e estrela de Outlander revela por que ela mal pode esperar para retornar ao Nepal, por quê a Índia deveria estar na lista de desejos de todo mundo e o motivo da Islândia precisar ser vista para que acreditem nela

Por Ally Wybrew

Onde você está agora?
Estou em Marylebone, Londres.

O que você mais ama e sente falta no seu país?
Eu nasci em Dublin, mas cresci na cidade a cerca de duas horas ao norte da cidade, bem na fronteira. Quando estou longe, sinto falta do pão integral da minha mãe. É provavelmente o melhor que já comi. Eu tenho a receita, mas minha mãe é uma daquelas pessoas chatas que diz, “Ah, eu coloquei um pouco disso e um punhado daquilo”, então não há medidas corretas e nunca fica igual. Ela tem mão para isso.

Quando foi sua primeira viagem ao exterior?
Venho de uma família tão grande que não íamos muito para o exterior nas férias, então minha primeira viagem sozinha foi quando eu tinha 17 anos, o que foi bastante tarde. Fui à Praia da Rocha, em Portugal, com o meu primeiro namorado. Não foi muito glamoroso! Mostra a minha idade, mas acho que simplesmente entramos na agência de viagens e escolhemos de um folheto. Foi um pouco trágico!

Qual foi sua experiência de viagem a trabalho preferida?
Uma que é realmente memorável é de quando fui à Índia para uma sessão de fotos. Fizemos essa viagem turbulenta em quatro ou cinco dias que começou em Goa e depois acabamos dirigindo à noite para um lugar chamado Hampi, que é um local da Unesco e é absolutamente deslumbrante. Fizemos de tudo, desde ficar em um lugar bem ocidental em Goa até um lugar bem econômico em Hampi, e daí acabamos em um resort luxuoso ao longo da costa nas últimas noites. Foi fantástico. Eu vi tantos níveis diferentes da Índia em uma única viagem. Foi simplesmente um abuso aos sentidos: visualmente, os cheiros, o sabor, o ruído. É tão diferente de viajar pela Europa ou nos Estados Unidos, onde existe uma sensação semelhante em tudo. As cores que você vê e as pessoas que encontra são incríveis e a comida também é. É um lugar tão especial. Eu amo muito a Índia.

Você já aceitou um trabalho por causa de onde ele será filmado?
Ainda estou esperando o trabalho que me pede para filmar no Havaí! Mas, não, acho que nunca aceitei um trabalho por causa disso. Dito isso, um dos meus primeiros trabalhos como atriz foi no Chile e ficamos lá por um mês, o que foi um bônus. Quando os produtores e eu estávamos conversando sobre o trabalho, eu sabia que diria sim de qualquer maneira, mas quando disseram que seria filmado no Chile e que ficaríamos lá por um mês, eu apenas pensei: “Oh meu Deus, sim . Coloque-me naquele avião!”

Como ficamos lá por pouco mais de um mês, eu não estava trabalhando o tempo todo. Uma viagem que o elenco e a equipe fizeram foi quando todo mundo teve uma ressaca muito forte. Eu tinha combinado que todos iríamos em uma manhã de domingo a essas fontes naturais nos Andes, na fronteira entre Argentina e Chile. Achei que fosse uma viagem de 40 minutos, mas acabou sendo uma viagem de duas horas e 40 minutos! Eles estavam todos me xingando até chegarmos ao local, o que foi incrível. A água escorria nesta fonte natural, então as primeiras piscinas em que ela se acumulava eram muito quentes e, em seguida, gotejava em outra e depois em outra e, quando chegava na última, era muito fria e tinha toda essa sílica, ou lama mineral, nela. Você tinha que se cobrir de lama e depois sentar-se em todas as diferentes piscinas. Todas as pessoas com ressaca ficaram muito felizes no fim.

Qual destino mais te surpreendeu?
Austrália. Só fui lá pela primeira vez há quatro anos, por algumas semanas e, por algum motivo, tinha uma impressão diferente de como seria. Eu fui para Sydney e Byron Bay, e Sydney foi uma surpresa. Na minha cabeça, pensei que teria muitas construções, mas com longas praias, um pouco como Miami Beach (que também adoro). Em vez disso, estava cheio de lindas enseadas e era muito mais verde do que eu esperava. Foi muito especial e tinha tantos bairros diferentes. Acabei adorando e fiquei chateada comigo mesma por não ter estado lá antes.

Você já passou po um momento de verdadeira inspiração em uma viagem?
Anos e anos atrás, eu estava no Nepal e estávamos hospedados em Dhulikhel, nas montanhas baixas (embora pareça muito alto!). Estivemos lá por alguns dias e sempre estava nublado. Certa manhã, às 5 da manhã, as pessoas do hotel em que estávamos começaram a bater à nossa porta, dizendo: “Você tem que vir! Você tem que vir!” Era o amanhecer. As nuvens onde estávamos tinham sumido e, pela primeira vez, vimos o Himalaia direito. Acho que fiquei mais pasma do que nunca. Você já sente como se estivesse no topo de uma montanha e, então, tem que esticar o pescoço para olhar para as montanhas mais majestosas e cobertas de neve que você já viu. Foi incrível de observar, enquanto o sol nascia. Foi definitivamente um momento espiritual e ficará comigo para sempre.

Para onde você não pode esperar para voltar?
Seria uma disputa entre o Nepal e Cuba. Eu fui para Cuba a trabalho anos atrás e adoraria voltar porque era linda. Acho que qualquer lugar que, de alguma forma, escapou dessa homogeneização que aconteceu com grande parte do mundo se torna um lugar incrível para ir. Há uma sensação única. Quando estive lá, fiquei hospedada no Hotel Nacional de Cuba. É muito real, mas também há algo muito romântico nele. Ele tem uma linda piscina com palmeiras e luzes à noite. A incrível música cubana toca à noite e realmente te transporta para uma época diferente.

Qual é a sua refeição favorita e onde ela tem o melhor sabor?
Eu acho que é muito difícil vencer o Momofuku, em Nova York. Ocasionalmente, fico com desejo do ramen deles. Quando morava em Nova York, eu ia lá sozinha, tinha meu cantinho e saboreava minha tigela de ramen. Era muito bom.

Qual foi a sua estadia em hotel mais memorável?
Tem havido muitas… Quatro ou cinco anos atrás, fiz um safári na África do Sul. Estávamos filmando Outlander lá por alguns meses na Cidade do Cabo e meu marido e eu fomos para a Reserva Kariega, no Cabo Oriental. Ficamos em barracas luxuosas. Quando acordamos de manhã, podíamos ver girafas e elefantes cruzando as planícies à nossa frente. Foi realmente incrível e uma das viagens mais especiais que já fiz. O Safari é provavelmente a coisa mais incrível e simples que você pode fazer. Há uma sensação muito estranha, quando se está entre todos esses animais em seu habitat natural. Também fizemos um safári noturno e o céu na África do Sul é um dos mais incríveis que já vi. As estrelas eram incríveis. É a coisa mais alucinante; você se sente como se estivesse em um planetário. Foi uma viagem muito, muito especial. Eu realmente quero voltar.

O que você gosta de fazer em um vôo?
Depende. Há momentos em que eu só quero ler e estar no avião é um ótimo espaço para bloquear tudo e ler. Eu costumava começar um livro quando decolava em Los Angeles (por exemplo) e quando pousava em Londres, estava chegando à última página. Essa é a coisa mais incrível, especialmente se você tem dez páginas restantes e está pensando: “Espero que tenhamos que taxiar por um bom tempo”, então você está lendo rápido e ansiosa porque é emocionante lá pelo final. Isso já aconteceu algumas vezes.

Além disso, filmes. Algo acontece com você quando você está no ar. Há um nível emocional que você atinge, quando assiste a filmes em um avião que nunca alcançaria em nenhum outro lugar. Você acaba chorando por causa dos filmes mais ridículos. Lembro-me de assistir No Pique de Nova York, o filme das gêmeas Olsen, e estava chorando muito. Realmente não é tão comovente ou profundo, mas me pegou! Algo acontece com você quando se está no céu. Eu não sei o que é.

Qual lugar todo mundo deveria visitar uma vez na vida?
Estou relutante em dizer isso, porque já está ficando muito popular, mas a Islândia. É tão linda. Ver Aurora Boreal é algo que todos deveriam fazer. Eu a vi na Islândia e foi muito, muito especial. Mesmo sabendo a razão científica disso, ainda parece mágica. Isso faz você entender por que existe toda essa mitologia na Islândia e algumas pessoas acreditam em fadas. Claro que acreditariam, ao ver essas luzes dançando no céu várias vezes por ano.

O que você mais gosta nas viagens?
A experiência de diferentes culturas e ter essa perspectiva diferente. É inestimável. Viajar é a melhor educação que você receberá. Você aprende muito sobre a semelhança entre as pessoas, mas também sobre as diferenças. É a semelhança que nos une, mas as diferenças que nos tornam especiais.

Belfast estará em exibição nos cinemas do Reino Unido a partir de 21 de janeiro e em todo o mundo ao longo de 2022

No Brasil, o filme estreia em 24 de fevereiro pela Universal Pictures. Em 2021, o filme foi exibido no Festival de Cinema do Rio, em dezembro.

Caitriona Balfe estampa a capa da edição de janeiro da revista Vanity Fair Awards Insider. Em em entrevista, a atriz fala sobre Belfast e o futuro de sua carreira. Veja a matéria traduzida pelo Portal Caitríona Balfe a seguir. O link para as fotos feitas pelo fotógrafo Nick Riley Betham que acompanham a entrevista está ao final da página.

A conquista celta de Caitríona Balfe, de Outlander a Belfast

Já amada graças a série de TV de romance e viagem no tempo (ei, já é hora de deixá-la dirigir um episódio!), a atuação da atriz irlandesa no filme da infância de Kenneth Branagh a coloca no caminho do estrelato do cinema e do Oscar.

Por Rebecca Ford

Quando criança, Caitríona Balfe nunca estranhou quando uma ida ao dentista ou a uma loja de roupas envolvia passar de carro por soldados britânicos com metralhadoras ou ter o carro da família inspecionado em busca de explosivos. Também houve sustos de bomba frequentes, perto de onde ela cresceu em Tydavnet, uma pequena vila irlandesa perto da fronteira com a Irlanda do Norte. Às vezes, no noticiário, ela ouvia sobre uma comunidade próxima que havia sido atingida. “É uma parte importante da sua vida, quando se vive nessas redondezas“, ela diz. “Só quando se fica mais velha é que você olha para trás e percebe a loucura ou estranheza disso.

É um dia quente de novembro e Balfe está sentada em uma mesa ao ar livre, em um restaurante em Los Angeles, falando sobre os círculos concêntricos que são sua vida e seu novo filme Belfast, de Kenneth Branagh. O filme é a visão semiautobiográfica de Branagh sobre sua própria infância, que se passa em 1969, não muito depois do início da violência e do conflito conhecido como os Conflitos da Irlanda do Norte. Balfe interpreta Ma, uma mãe de dois filhos dividida entre o medo de deixar sua casa na Irlanda do Norte e o desespero para manter sua família protestante a salvo. Acontece que Balfe trouxe seu filho de três meses de idade com ela para Los Angeles para sua primeira viagem através do Atlântico. O filho dela não dormiu bem na noite passada, então ela também não. Entretanto, nem dá para notar: Balfe ainda tem um brilho, pele aparentemente perfeita e olhos azuis claros penetrantes, tudo isso faz completo sentido que ela passou seus 20 anos como modelo de passarela em Paris.

Mesmo sem as necessidades noturnas do filho, Balfe, de 42 anos, tem motivos para estar cansada no momento. Algumas noites atrás, ela compareceu à estreia chamativa de Belfast em Los Angeles, no Academy Museum of Motion Pictures, que terminou com uma festa pós-estreia até tarde, onde seu colega Jamie Dornan cantou Everlasting Love, música que o personagem dele canta para a personagem de Balfe no filme. A viagem promocional turbulenta começou algumas semanas antes, com a estreia em Londres e, em seguida, uma ida para Belfast para honrarias locais. Foi a primeira vez que a mãe de Balfe compareceu a uma de suas estreias. Entre Londres e Belfast, Balfe parou na Irlanda para visitar parentes que ela não via desde antes da pandemia. “Eles não tinham conhecido o bebê. Não tinham me visto grávida“, diz ela, pedindo huevos rancheros, animada por estar sem o bebê por um momento e usar as duas mãos para fazer uma refeição adulta civilizada. “Foi como se todo esse evento tivesse acontecido sem vê-los.

Belfast rapidamente se tornou um favorito ao Oscar, quando foi lançado pela Focus Features nos cinemas em 12 de novembro. Mesmo com um elenco que inclui James Dornan, Judi Dench e Ciarán Hinds, Caitríona Balfe é um claro destaque. Apesar de estrelar uma série de TV de sucesso, Outlander da Starz, nos últimos oito anos, Balfe provavelmente estará no caminho do estrelato no cinema em Belfast, embora ela rejeite esse tipo de conversa. “Sinto que estou em um estágio tão inicial da minha carreira, porque comecei muito tarde“, ela diz, tendo deixado a Irlanda aos 18 anos para uma carreira de modelo que durou uma década. Outlander deu a ela fãs e um rico papel para se aprofundar, mas Belfast a trouxe para a Irlanda do Norte e para uma história que toca em seu próprio coração.

Como irlandesa, você lê muitos desses roteiros sobre os Conflitos e todos eles têm essa versão romântica da violência“, diz Balfe. “Isso sempre me incomoda, porque não acho que isso seja algo que deva ser romantizado. E aqui estava um roteiro que realmente focava na família, nas pessoas e comunidades que foram afetadas.

Por décadas, os Conflitos dominaram a Irlanda do Norte em um longo período de violenta agitação, que teve um efeito duradouro naqueles que viviam nas cidades das fronteiras. O conflito durou dos anos 1960 até o final dos anos 1990 e causou mais de 3.500 mortes. Isso também moldou a vida de muitos que cresceram nessas décadas, como Balfe e o diretor de Belfast, Kenneth Branagh. “Isso te torna muito observadora e te faz entender como, às vezes, as pessoas têm que agir com muito cuidado quando cresceram vivendo em uma divisão, como ela“, diz Branagh sobre Balfe. “Você sabe o que é viver em uma espécie de código vermelho semipermanente.

A quarta de sete filhos, Balfe e sua família se mudaram de Dublin para aquela cidadezinha perto da fronteira, quando ela era muito jovem, por causa do trabalho de seu pai. (Balfe foi criada como católica, mas desde então é não-praticante.) Ela queria atuar desde que consegue se lembrar, mas não tem certeza de onde veio o impulso. Ela acha que o fato de seu pai, um sargento da An Garda Síochána, o serviço de polícia nacional da Irlanda, participar de uma trupe de comédia provavelmente teve algo a ver com isso. Mas seus planos sofreram um desvio, quando um agenciador de modelos a avistou, enquanto ela estudava teatro no Instituto de Tecnologia de Dublin. Poucos meses depois, ela assinou com a Ford Models e teve  a oportunidade de se mudar para Paris. “Sempre quis apenas viajar“, ​​ela diz. “Quando mais nova, nunca fizemos isso, éramos muitos. Não tínhamos dinheiro.

Balfe não poderia saber que, quando ela deixou a Irlanda para trabalhar, ela nunca mais a chamaria de lar. Ela se tornou uma das modelos mais requisitadas, trabalhando nas passarelas, desfilando para nomes como Chanel, Valentino, Alexander McQueen e Givenchy. Ao longo de um período de três anos no início dos anos 2000, ela apareceu em centenas de desfiles. “Havia algo sobre a teatralidade dos desfiles, e o evento, que eu realmente amava“, diz Balfe. Mas isso acabou perdendo o brilho, quando ela se aproximou dos 10 anos no negócio. “Nos últimos anos, eu fui muito infeliz, de verdade“, ela diz. “Não é exatamente a indústria mais legal ou mais saudável.

Nessa época, Balfe estava morando em Nova York e começou a se interessar por aulas de atuação. Ela namorava um cara que morava em Los Angeles e decidiu dar outro salto para uma nova cidade cheia de estranhos. “Eu sabia que tinha paixão por atuar“, ela diz. “Eu sabia que era algo que, se tivesse a chance de fazer, atacaria com tudo o que tinha.” Balfe sabia que estava em desvantagem com um início tardio, mesmo na idade não exatamente avançada de 29 anos. Mesmo assim, ela começou a construir uma carreira, começando com o menor dos papéis em Super 8, de J.J. Abrams. “Eu não falei e era  a mãe morta“, diz ela rindo, “mas pelo menos passei um dia com J.J. Você meio que sente tipo, ‘bem, se aquela pessoa que é realmente incrível e bem-sucedida lhe dá uma espécie de selo de aprovação, então talvez isso signifique algo’.

Os trabalhos menores continuaram vindo por um tempo, mas então as coisas pararam. Um dia, Balfe estava em um parque para cães com uma amiga quando seu agente ligou para ela e a largou. Naquela época, ela não trabalhava há cinco ou seis meses. No início, “Ele ficava me dizendo, ‘Você tem que usar o vestido e colocar a maquiagem e fazer aquela coisa de garota gostosa’. E isso não era eu”, ela diz. “Estou feliz por saber que queria fazer isso com integridade, se isso faz algum sentido.

A convicção de Balfe começou a titubear e ela considerou desistir de atuar. Quando a convocação para o elenco de Outlander veio, “foi mais uma audição entre centenas“, ela diz. Mas em 2013, ela foi escalada para o papel principal de Claire, uma ex-enfermeira da Segunda Guerra Mundial na Escócia que é transportada de volta a meados do século 18, onde é jogada em um grupo de Highlanders rebeldes. Ela se apaixona por um dos homens, Jamie (interpretado por Sam Heughan). “Essa energia que ela tem, talvez seja o irlandês nela, porque ela tem grande inteligência e sagacidade, essa energia realmente funciona para a Claire“, diz Heughan sobre Balfe. “Ela nunca vai obedecer ordens. Ela sempre vai se defender.”

Outlander permitiu que Balfe mostrasse sua versatilidade em uma série que exige força física, charme, sagacidade e profundidade e as ofertas surgiram. Mas como filmar uma temporada de Outlander na Escócia leva de 9 a 12 meses, nunca resta muito tempo para ela aceitar outras oportunidades. “A beleza dessa série é que ela abriu muitas portas. A parte difícil é que não temos tempo para realmente aproveitar isso“, diz Balfe. Ela foi capaz de filmar Jogo do Dinheiro, de Jodie Foster, entre as temporadas um e dois e estrelou ao lado de Christian Bale em Ford v Ferrari, indicado ao Oscar, entre as temporadas quatro e cinco, a última que lhe trouxe alguns elogios da crítica por elevar o que poderia ter sido um papel comum de “esposa”.  O diretor de Ford v Ferrari, James Mangold, diz: “O que quer que tenha sido dito para mim antes de eu conhecer Caitríona, ‘Ela está nesta série de TV do momento, com grande número de seguidores, é ex-modelo’, isso geralmente é o tipo de coisa que me desanima. Mas o que encontrei foi uma atriz simplesmente notável: presente, destemida, emocionalmente vulnerável e inteligente.

Outlander tem um grupo de fãs apaixonados e o novo nível de fama também trouxe desafios, especialmente no que diz respeito à vida pessoal de Balfe. Embora ela estivesse grávida durante as filmagens da sexta temporada (que estreia em 6 de março), ela conseguiu manter as notícias fora das redes sociais. Muitos fãs ficaram surpresos quando ela anunciou o nascimento de seu filho com uma imagem simples em preto e branco de uma mãozinha segurando a dela, em 18 de agosto. “Sou uma pessoa muito aberta“, diz ela. “Não é como se eu estivesse escondendo minha gravidez. Todos no trabalho sabiam, todos os meus amigos sabiam, qualquer pessoa com quem eu tive contato na minha vida sabia. Mas em termos de divulgar, não vejo valor nisso. Acho que há certas coisas que é bom manter para você.

Ela tem um motivo para ser um pouco mais protetora, devido a um grupo de fãs obcecados com a ideia de que Balfe e Heughan estão romanticamente envolvidos na vida real. Esses fanáticos têm teorias da conspiração, incluindo uma propondo que o bebê dela é filho de Heughan porque os lençóis na foto do bebê parecem semelhantes aos vistos em uma foto que Heughan postou. Balfe conta que depois de se casar com o marido, o empresário musical escocês Anthony McGill, em 2019, ela descobriu que alguém havia ligado para atormentar a secretária da igreja onde a cerimônia foi realizada; eles não acreditavam que o casamento dela era real. Ela também soube que investigadores particulares foram contratados para “resolver” o caso e provar definitivamente que ela está envolvida com Heughan.

Quando você tem um filho, você se torna muito protetora“, diz Balfe. “Eu não quero aqueles malucos, porque é isso que eles são, eu só não quero que eles falem sobre ele.” Portanto, você não encontrará o nome do filho dela neste artigo e não encontrará fotos dele nas redes sociais. Ser mãe pela primeira vez exigiu uma camada adicional de armadura para Balfe: “É triste, porque você conhece as pessoas mais adoráveis, que são fãs da série e são super apoiadoras e fazem as coisas mais legais, e daí há aquela coisinha, o que simplesmente estraga isso.

Esse fogo materno para proteger seu filho a todo custo é exatamente o que move Ma, em Belfast. Em certas cenas, ela está literalmente bloqueando o perigo de seu filho. Logo no início, quando um motim irrompe em sua pitoresca cidade, Ma pega seu filho Buddy (Jude Hill) da rua e usa uma tampa de lata de lixo para protegê-lo do perigo enquanto o leva para casa em segurança. Branagh diz que Balfe tinha o equilíbrio entre inteligência e charme com a força necessária para essa personagem, que é vagamente baseada em sua própria mãe. “Você tem essa mulher quieta, engraçada e brincalhona do outro lado de sua presença“, ele diz. “E na outra, você tem esse tipo de mulher Cleópatra, Boudicca, leão, você simplesmente não mexeria com ela, nunca. Quando ela acessa isso, esta mulher bonita, engraçada, educada, gentil e quieta arrancaria sua cabeça.

Durante as filmagens de Belfast, que foi um dos primeiros projetos a serem filmados na Europa perto do auge da pandemia da COVID-19, Balfe considerou sua própria mãe, que teve que arrancar sua família de Dublin e se mudar para perto da fronteira. “Eu penso muito sobre o quão difícil deve ter sido para ela e as lutas que ela fez para tomar essa decisão“, ela diz. Ela descobriu que Ma tinha uma contradição interessante no cerne de sua personagem: “Em seu próprio espaço e nesta pequena comunidade, ela era muito confiante e estava muito confortável. Mas ainda assim ela era uma garotinha, porque você a tira disso, e ela estava com tanto medo. O mundo exterior era tão estranho para ela.

Ao contrário de Ma, Balfe se sente em casa no mundo exterior há mais de duas décadas. Ela reside principalmente em Glasgow por causa da agenda de produção exigente de Outlander. Balfe diz que não tem certeza de quando a série, que gravará sua sétima temporada no final de 2022, terminará, mas acrescenta, “Teremos atingido a marca de quase 10 anos no final disso, o que parece um bom período de tempo, mas não sabemos. Essas decisões estão muito acima do meu nível salarial.

Mas ela acabará eventualmente e então a agenda de Balfe se abrirá bastante. Ela espera fazer teatro e mergulhar em outros papéis substanciais no cinema, mas mais do que qualquer coisa que ela espera dirigir. “É algo que venho falando em fazer na série. Isso está sendo um pouco ignorado,” ela diz, acrescentando que havia um plano para ela dirigir alguma coisa na sexta temporada, mas a pandemia, seu papel principal e sua gravidez complicaram a logística. Claramente frustrada, Balfe diz que não ouviu nada sobre dirigir na próxima temporada, mas sente que é improvável a esta altura. “Teria sido a chance perfeita para mim em um espaço muito seguro“, ela diz. “Sou muito próxima de toda a nossa equipe de filmagem, eles sempre conversam sobre quais lentes estão usando e qual é o enquadramento e sempre são muito úteis em me fornecer o máximo de informações que desejo. É uma pena, mas não depende de mim.

Ela falou com Branagh, enquanto estavam filmando Belfast, sobre seu desejo de dirigir. Ele faria sentido como um mentor, sendo ele mesmo um ator. “Eu particularmente ficaria muito fascinado em vê-la dirigir“, ele diz. “Porque essa inteligência emocional compassiva e intelecto genuíno e significativo, acho que também será uma ótima voz para contar histórias no futuro.

E no set de Belfast, ela percebeu algo digno de atenção sobre a equipe de Branagh: havia um número significativo de mulheres na equipe, algo que ela não tinha visto em Outlander. A disparidade era tão perceptível que ela disse há cerca de dois anos que ela e Heughan conversaram com os executivos da série sobre diversificar a equipe em termos de gênero e raça. “Acho que por um lado há essa ideia, ‘Bem, a Escócia é um lugar predominantemente branco e é uma indústria que tradicionalmente é muito mais masculina, então é difícil encontrar essas pessoas’. Não tenho certeza se isso é necessariamente verdade. Acho que há maneiras de encontrar pessoas para trazer.

Ter um filho também deu a Balfe algumas ideias sobre as razões pelas quais os homens continuam a dominar as produções. “Quando você atinge uma certa idade, se você quer ter uma família, você acaba saindo dessa escada e acho que é muito difícil para elas voltarem“, ela diz. “Isso é algo que precisamos abordar como indústria, porque vejo nossa equipe de filmagem, todos caras incríveis, todos eles se tornaram pais nos oito anos que estivemos filmando, mas nenhum deles teve que desistir de sua posição.

Seja para qual for a direção que ela vá a seguir, as escolhas serão influenciadas não apenas pelo que ela deseja para sua carreira, mas também pelo o que é melhor para sua nova família de três pessoas. “Eu estava conversando com meu agente outro dia [sobre um trabalho] e pensei, ‘Bem, vamos começar com quando e onde’. Por quanto tempo e onde se tornou uma espécie de marcador inicial para se as coisas são ou não possíveis,” ela diz. Promover Belfast provavelmente manterá Balfe muito ocupada durante o Oscar e depois ela espera passar um tempo tranquilo em casa, que é, por enquanto, em Glasgow. Isso é outra coisa que poderia mudar quando Outlander finalmente acabar e é um problema com o qual Belfast luta profundamente. Se você sai de casa, onde é seu lar? Essa é uma questão que Balfe tem enfrentado desde que ela se mudou, muito jovem.

É engraçado, não sei onde é a minha casa,”  ela diz. “Desde que saí da Irlanda, tenho me mudado constantemente. Acho que definitivamente são as pessoas com quem você está agora. Mas, quando se trata de um lugar, eu nunca realmente criei raízes desde então. Acho que você nunca se sentirá tão ligado a um lugar como quando se é criança, sabe?

Cabelo: Gareth Bromell; maquiagem: Mary Wiles; manicure: Emi Kudo; trajes: Elma Click; design do set: Colin Phelan.

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Caitríona Balfe foi entrevistada pelo jornal estadunidense Los Angeles Times e apareceu na edição de 22 de novembro. A atriz fala sobre Belfast, sua carreira e como Claire e Ma tem suas similaridades e diferenças.

Londres – Caitríona Balfe esperou durante toda a sua carreira uma proposta para um projeto na Irlanda. Depois de filmar o drama semi-autobiográfico de Kenneth Branagh, Belfast, sobre um menino crescendo na Irlanda do Norte durante os Conflitos, a atriz de 42 anos ainda está esperando.

Tecnicamente, ainda não trabalhei na Irlanda como atriz“, Balfe ri ao refletir sobre o filme, que foi filmado em Surrey, na Inglaterra, no outono passado. “É realmente estranho. Mas é algo que estou sempre procurando. Foi tão lindo. Mesmo que esse sotaque não seja o meu próprio, é muito próximo. É um que eu cresci ouvindo. Fazer parte de algo assim te toca em um lugar diferente. Isso atrai algo um pouco diferente de você, quando se está fazendo algo que é tão pessoal ou tem um vínculo pessoal.

Balfe cresceu a cerca de 90 minutos de Belfast, do outro lado da fronteira com a Irlanda, em Monaghan. A atriz descreve sua cidade natal como uma “pequena cidade com um só cavalo” (não havia nem mesmo uma sala de cinema) e ela se lembra das idas e vindas entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, durante sua infância.

O pai dela trabalhava como sargento da polícia e sua mãe foi responsável por criar Balfe e seus quatro irmãos – uma experiência que parece relacionada às circunstâncias retratadas em Belfast, que agora está em cartaz nos cinemas de todo o país. No filme, Balfe interpreta Ma, uma mulher trabalhadora criando dois meninos em Belfast de 1969, enquanto seu marido, Pa (interpretado por Jamie Dornan), viaja para a Inglaterra para ganhar a vida.

As circunstâncias são muito diferentes, mas o momento é semelhante“, lembra Balfe. “Pouco mais de uma década depois dessa época, mudamos para a fronteira por causa do trabalho do meu pai, porque as coisas haviam piorado naqueles 10 anos a ponto de realmente parecer uma zona de guerra. Mas [minha mãe] deixou sua comunidade de irmãs realmente unida – todas elas viviam muito próximas umas das outras perto de Kildare. Tudo isso definitivamente ressoou em mim de uma maneira diferente. Eu pensei muito na minha mãe enquanto filmava isso. Deve ter sido difícil para eles.

Enquanto Branagh escreveu Belfast baseado vagamente em sua própria criação, o diretor queria que seu elenco, que também inclui Judi Dench e Ciarán Hinds, se baseasse em suas próprias lembranças. Em um dos primeiros dias no set, Branagh sentou Balfe, Dornan, Dench e Hinds ao redor de uma mesa enorme – para distanciamento social – e os convidou a falar sobre suas experiências da infância e suas lembranças de seus pais.

Em seu jeito de mestre genial, acho que ele estava puxando coisas que queria que começássemos a pensar e que ele queria que fosse incluído em nossas atuações – sem dizer: ‘Isso é o que eu quero que você faça’“, diz Balfe. “Ele era como o mágico de Oz, puxando as alavancas sem que nenhum de nós percebesse. Porque estávamos compartilhando histórias bastante pessoais e todos, às vezes, estavam sendo muito vulneráveis, imediatamente houve um vínculo entre todos nós. Especialmente para mim, sentada naquela sala – quando entrei pela primeira vez, não posso nem te dizer o quão intimidada eu estava. Isso me ajudou muito em termos de como eu me identifiquei com todos.

Embora Balfe possa ter se sentido inicialmente intimidada, não havia dúvida na mente de Branagh de que ela era a pessoa perfeita para encarnar Ma, uma mulher complicada que luta com a ideia de deixar sua vizinhança.

Caitríona tem a rara combinação de paixão, inteligência, humor e generosidade que compõe o que se pode chamar de alma“, diz Branagh sobre a atriz. “A dela é grande, a qual ela está disposta a compartilhar em seu trabalho… Na hora de filmar, ela estava sempre preparada e, também, sempre estava pronta para se surpreender. Tínhamos os mesmos objetivos de atuação: verdade, simplicidade, coração. Fácil de dizer, difícil de dar do começo ao fim, mas ela deu.

Belfast entrou em produção em outubro passado com protocolos de segurança sérios em vigor e a oportunidade de voltar ao trabalho não poderia ter vindo em melhor hora para Balfe. Ela havia passado os últimos quatro meses enfurnada em seu apartamento em Glasgow com seu novo marido, Tony McGill, e estava tão animada para fazer o filme que perdeu o primeiro aniversário de casamento dos dois.

Fiquei naquele apartamento até o início de julho“, ela suspira. “Tivemos restrições rígidas na Escócia, o que foi ótimo, porque eles realmente conseguiram controlar os números. Ken fala sobre como ele escreveu o roteiro durante esse período. Eu não fui nada produtiva. Foi um momento muito introspectivo para todos. Acho que todos olhamos para nossas vidas e pensamos: ‘Que diabos estamos fazendo?’ Posso ter tido uma pequena crise existencial ou duas.

Balfe não estranha ter que olhar para dentro quando chega o chamado. Embora tenha crescido querendo ser atriz (ela observa: “Eu queria ser atriz desde os 3 ou 4 anos – eu era aquela criança chata“), Balfe deu um grande desvio aos 20 anos. Ela começou a modelar aos 18 anos, participando de desfiles de casas de moda como Chanel, Louis Vuitton e Givenchy. Ela deixou sua cidade pequena na Irlanda e se mudou para a cidade de Nova York. Mas depois de vários anos, Balfe teve que reconhecer que essa não era a carreira que ela queria.

Eu sempre planejei em voltar [a atuar], mas é uma daquelas coisas em que é difícil ver onde está o seu caminho“, ela lembra. “Eu estava definitivamente muito infeliz. Cheguei a um ponto em que tinha 27, 28 anos e estava infeliz e não sabia como fazer o que queria. Comecei a fazer aulas aleatórias de atuação em Nova York para ver se ainda gostava e se eu era boa. E eu adorei. Demorou um pouco para tomar a decisão e quando eu tinha 29 anos, pensei, ‘É isso, estou me mudando para Los Angeles. Algo vai acontecer.’

Em Los Angeles, Balfe conseguiu seu primeiro emprego: o filme de J.J. Abrams, Super 8, de 2011, interpretando a “mãe morta”. Ela não tinha falas, mas a experiência foi o suficiente para convencê-la a continuar. Ela conseguiu mais alguns papéis antes de ser escalada para o papel de Claire Randall em Outlander, o papel que mudou tudo.

Esse papel é uma dádiva, porque dentro desse mundo de fantasia, a gama do que fui capaz de fazer com Claire foi incrível“, diz Balfe, que se mudou para Glasgow para a série Starz, que vai exibir sua sexta temporada no próximo ano (em 06 de março). “Se isso fosse mais uma série policial moderna ou algo assim, eu não conseguiria fazer metade das coisas que fui capaz de fazer. Eu não teria me aquecido da maneira que fui com esse papel.

A próxima temporada da série foi um desafio particular para Balfe, que estava grávida de seu primeiro filho durante a produção, no início deste ano. A gravidez foi escondida pelos episódios – Claire está agora no final dos 50 anos e na menopausa – e em vez disso, o foco de Balfe estava em explorar o trauma de Claire dos eventos que finalizaram a 5ª temporada. A personagem sofreu muito ao longo dos anos e muitas vezes se recuperou, mas desta vez Claire tem que lidar com seu trauma, algo que entusiasmou Balfe.

Esta temporada foi realmente incrível porque pela primeira vez eu pude explorar a Claire de uma forma onde ela está mais desestabilizada do que nunca“, explica a atriz. “Isso tem muito a ver com os eventos da temporada passada, mas eu [também] conversei com muitas mulheres e há muito acontecendo na imprensa do Reino Unido, no ano passado, sobre mulheres que passam pela menopausa e como isso pode realmente desestabilizar você [e] mudar a sua habilidade de lidar com as coisas. Eu definitivamente coloquei isso no que estava acontecendo nesta temporada.

Ela acrescenta: “Psicologicamente, ela realmente está lutando contra o ataque no final da temporada passada. Ela é alguém que sempre foi capaz de compartimentar as coisas e foi capaz de colocar as coisas em uma caixa e seguir em frente. Mas isso é algo que ela não consegue fazer. Ela realmente está lutando emocional e mentalmente para manter os pés no chão e seguir em frente.

Embora existam algumas semelhanças entre Claire e Ma, Balfe estava especialmente interessada em explorar suas diferenças. Claire está sempre pronta para saltar para o desconhecido, mas Ma teme o mundo fora de Belfast, mesmo sabendo que seria melhor tirar sua família da violência crescente. Balfe assistiu a muitas filmagens e entrevistas com mulheres da época e procurou entender o desafio e a complexidade de criar uma família durante conflitos. Embora a história tenha seus momentos de escuridão, há uma sensação de leviandade ao longo do filme – que os atores também adotaram nos bastidores.

Simplesmente havia uma espécie de resiliência no clima no set, porque estávamos todos felizes por estar fazendo este grande projeto juntos e Caitríona foi fundamental para isso“, conta Dornan, que conheceu Balfe brevemente antes da produção de Belfast. “Achei muito fácil fingir que tínhamos um casamento de verdade e um vínculo real e que estávamos realmente criando esses dois meninos juntos. Ela tornou tudo muito fácil… Acho que abordamos o trabalho de maneiras muito semelhantes. Somos muito focados e prontos, mas prontos para nos divertir, também.

Agora Balfe está considerando onde ela quer levar sua carreira. A sétima temporada de Outlander será filmada no próximo ano e Balfe recentemente adquiriu os direitos do romance Here Is the Beehive de Sara Crossan e está desenvolvendo o filme em potencial como produtora. Ela também está pronta para começar a dirigir.

Este é outro presente que Outlander me deu“, diz Balfe. “Como mulher nesta indústria, é importante que você crie seu próprio destino, de certa forma. Se você está esperando o telefone tocar, haverá grandes calmarias e quedas. Eu acho que você tem que olhar para diferentes maneiras de como você vai sustentar uma carreira e ter longevidade.

Ela pode e vai dirigir, porque ela tem muitas coisas para dizer, ela sabe como dizê-las e está determinada“, confirma Branagh. “Estou animado para vê-la desenvolver essa parte de seu trabalho. Ela é uma voz original e apaixonada, e seis temporadas de Outlander são um campo de treinamento e tanto para o lado técnico da filmagem.

Depois de trabalhar com Branagh em Belfast, Balfe sabe de uma coisa com certeza: ela não consegue ficar quieta quando se trata de seus futuros papéis.

Obviamente, quando você está começando sua carreira, não há essas opções“, diz ela. “Você aceita o que é oferecido. Você pode ter um pouco de poder em dizer não para algumas coisas, mas na real é que você tem sorte de que alguém esteja lhe oferecendo um emprego. Definitivamente, quero trabalhar mais na Irlanda. Acho que isso realmente supriu minha necessidade, com certeza. Quando você recebe um ótimo roteiro e um ótimo papel, em um ótimo projeto, é muito, muito cativante, então a próxima coisa que você quer é um ótimo roteiro, em um ótimo papel, em um ótimo projeto.

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Em um texto encantador, Caitríona Balfe conta mais sobre sua infância próxima à fronteira, durante os Conflitos na Irlanda no Norte.

A estrela cresceu como uma forasteira em uma cidadezinha irlandesa durante os Conflitos, ansiando por sair e ver o mundo

Caitríona Balfe, de 42 anos, é uma atriz irlandesa que co-estrelou os filmes Ford v Ferrari e Jogo do Dinheiro e a série de TV Outlander, da Starz. Atualmente, ela está em Belfast. Ela falou com Marc Myers.

Éramos considerados recém-chegados. Embora minha família tivesse se mudado apenas duas horas para o norte de Dublin quando eu era uma criança pequena, a maioria das pessoas que moravam em Tydavnet tinha raízes lá que datavam de gerações anteriores.

Tínhamos nos mudado na década de 1980, porque meu pai era um sargento da polícia que foi transferido para lá. Era o auge dos Conflitos na Irlanda do Norte e a cidadezinha ficava perto da fronteira.

Caitríona Balfe, em casa em Tydavnet, Irlanda, in 1991. Foto: Família Balfe.

Uma das minhas primeiras lembranças foi a da esposa de alguém que meu pai prendeu ou parou vir à nossa porta e dizer à minha mãe que deveríamos voltar para o lugar de onde viemos. Desde cedo me senti uma estranha.

Tydavnet é rural e espalhada, então havia muitos campos e bosques. Quando eu morava lá, quando criança, havia uma igreja, uma escola, dois bares e um pequeno correio. Não mudou muito.

Moramos primeiro em uma pequena cabana e depois construímos nossa própria casa: uma casa de dois andares, de tijolos vermelhos que era muito bonita, com um lindo jardim que meus pais cuidavam.

Eu sou a quarta de cinco filhos. Quando eu tinha sete anos e meu irmão mais novo quatro, meus pais decidiram criar mais dois filhos, então éramos sete. Era uma casa barulhenta e nos divertimos muito. Todos nós nos demos bem.

Eu provavelmente era a mais agitada emocionalmente do grupo. A maioria dos meus irmãos são bastante voltada para a ciência ou têm uma personalidade um pouco mais moderada.

Eu gostava de drama e tinha uma curiosidade incansável sobre o mundo exterior. Eu sabia desde cedo que iria embora assim que pudesse. Enquanto isso, minhas qualidades observacionais desenvolveram-se cedo.

Meu pai, James, costumava ficar ocupado com seus oficiais, patrulhando a fronteira, que era barulhenta. Minha mãe, Anne, assumiu a maior parte da criação dos filhos.

Quando crianças, andávamos de bicicleta e íamos pescar ou construímos casas na árvore com diferentes andares. Tornei-me muito boa nisso. Passamos muito tempo nas casas da árvore, fumando cigarros roubados.

Meu pai envolveu eu e meus irmãos em muitas atividades culturais locais, incluindo uma banda marcial, desde os 6 anos de idade. Eu também fazia parte de um grupo de teatro.

Na escola primária, eu não era uma criança popular e não me achava muito bonita. Tivemos um grande problema de bullying em nossa escola e nada foi feito a respeito.

A posição do meu pai na cidade não ajudou. Na verdade, essa era parte da razão para o bullyng. A polícia não era necessariamente respeitada ou querida.

No colégio, apareci em peças de teatro e conheci pessoas que pensavam mais como eu. Após a formatura, frequentei o Instituto de Tecnologia de Dublin (Dublin Institute of Technology) para estudar atuação.

Certo dia, saindo com amigos em um supermercado para arrecadar dinheiro para a esclerose múltipla, fui abordada por um homem que me deu seu cartão. Ele era de uma agência de modelos em Dublin.

Eu fiquei envergonhada. As garotas do caixa estavam observando e falando. Uma delas começou a gritar para todas as amigas nos outros caixas: “Uma mulher acabou de ser convidada para ser modelo!”

Para garantir que tudo estava correto, minha irmã mais velha, Deirdre, veio comigo ao escritório. Logo depois que eu assinei, uma agência francesa me contratou como modelo em Paris.

Eu fui atraída para o mundo das passarelas imediatamente. Foi minha passagem para ver o mundo. Minha família não era rica e nunca saiu de férias no exterior ou algo assim.

Paris abriu meus olhos para muitas coisas culturais e estéticas. Isso me deu esse senso de história e beleza e me deu uma dica do que poderia estar no resto do mundo.

Embora modelar fosse a antítese de atuar, isso me ajudou a me ajustar a ser rejeitada e não levar isso para o lado pessoal. Após 10 anos, me mudei para Nova York e fiz aulas de atuação.

Meu primeiro filme americano foi Super 8, em 2011, dirigido por J.J. Abrams. Embora não fosse um papel com falas, foi a confirmação de que eu não estava iludida, que atuar era o caminho certo para mim. Seguiu-se uma série de pequenos papéis.

Então veio meu papel de co-estrela, como Claire Fraser, na série Outlander, que foi transmitida nos Estados Unidos. Foi o meu verdadeiro lançamento.

Hoje, meu marido, Tony, eu e nosso filho somos um pouco nômades. Dividimos nosso tempo entre Glasgow e Londres. Quando estou trabalhando em Outlander, estamos em Glasgow.

Em Glasgow, vivemos em um lindo apartamento com terraço eduardiano com tetos altos e molduras.

Há algo de belo em edifícios históricos. Em casa, na Escócia, muitas vezes me pergunto sobre a vida de pessoas que viveram lá antes de nós.

Balfe em Belfast

Sobre o que é Belfast? O filme é centrado em um menino, Buddy, crescendo em Belfast, Irlanda do Norte, durante os Conflitos do final dos anos 60.

Seu papel? Eu interpreto a jovem mãe de Buddy.

O que você aprendeu com Judi Dench? Que humor é vital. Ela tem o senso de humor mais delicioso e perverso. Além de ser absolutamente brilhante, ela tem um espírito jovem e bonito.

A melhor parte de trabalhar com o diretor Kenneth Branagh? Ver o quanto esse projeto significava para ele e quanto amor havia naquele set.