Collider: Caitriona Balfe e Sam Heughan falam sobre os desafios da nova temporada de ‘Outlander’

  • 14 de novembro de 2018

Em Outlander, agora em sua quarta temporada, a médica viajante do tempo do século XX, Claire Fraser (Caitriona Balfe), e o marido dela Highlander do século XVIII, Jamie Fraser (Sam Heughan), estão tentando formar um lar na América colonial. Em um mundo à beira da Revolução Americana, ter sucesso na dura e perigosa Carolina do Norte apresenta o seu próprio conjunto de desafios e Claire e Jamie devem aprender a passar pela escravidão, viver ao lado dos nativos americanos e a atual classe dominadora britânica.

No dia de imprensa para discutir a nova temporada, em Los Angeles, o Collider foi convidado para participar de uma pequena entrevista (com alguns outros veículos da imprensa) com os colegas de elenco Caitriona Balfe e Sam Heughan, que falaram sobre os desafios específicos da quarta temporada, passar por um mundo novo e diferente, a casa do Fraser’s Ridge, descobrir quem o Jamie e a Claire são nessa altura do relacionamento deles, como a Brianna (Sophie Skelton) afetará as coisas para eles, a introdução de Stephen Bonnet (Ed Speleers), a falta do kilt e o que poderemos ver nos erros de gravações da quarta temporada. Cuidado, há spoilers.

Há enormes desafios em todas as temporadas desta série, pois é uma abrangência tão épica. Quais foram os desafios específicos desta temporada que vocês não tinham tido que lidar antes?
Caitriona Balfe: Nesta temporada, mais do que em qualquer outra, usamos muita tela azul. Houve muito mais CGI do que antes. É interessante filmar na Escócia, que tem muita chuva e muita água. [Mas] Eles não têm os rios expansivos que você teria na Carolina do Norte. Então, boa parte da jornada pelo rio que fizemos no primeiro episódio foi CGI e isso é uma coisa diferente. A gente nunca teve tanto disso em temporadas anteriores.
Sam Heughan: Além disso, nesta temporada, estamos na América e há muitos problemas lá, politicamente. Os primeiros episódios exploram questões da escravidão ao tratamento dos nativos americanos, coisas com as quais a gente nunca lidou. Vimos a escravidão na temporada passada, mas não lidamos com isso. Apenas vimos. Então, isso é algo diferente na quarta temporada.

E as duas coisas são efetivamente tratadas nesta temporada.
Sam Heughan: Sim. Elas estão lá, nos livros, mas foi difícil para nós mostrarmos. Como atores, também somos pessoas no mundo moderno, então você tem que tentar entender como as pessoas no passado pensariam ou se comportariam. Felizmente, o Jamie tem visão de futuro e não quer fazer parte disso. Ele tem experiência em ser um escravo, ou pelo menos um prisioneiro, então ele é muito humano quando vê as pessoas, como os escravos ou os nativos americanos, que ele enxerga como semelhantes a ele. Há muita compreensão e empatia.

De muitas maneiras, as coisas são um pouco diferentes, pois a América é um lugar muito diferente e estamos vendo a Claire e o Jamie explorarem a domesticidade no Fraser’s Ridge. Como essa nova vida muda os personagens de vocês e a mentalidade deles?
Caitriona Balfe: O que é muito legal nesta temporada é que você pode ver o Jamie e a Claire em um lugar muito tranquilo e resolvido. Mas então, isso também vem com desafios. Sempre tivemos o drama de será-que-vão-ou-não-vão, nas temporadas passadas, mas acho que há um limite para até onde dá para ir com isso, antes de se tornar redundante. Depois da Claire ter desistido de tanto e dos dois estarem separados por 20 anos e aí se reencontrando, você tem que levar esse relacionamento para uma nova fase. Foi interessante, para nós, começarmos a desenvolver esse período mais quieto da vida deles, onde eles estão apenas curtindo esses lances da domesticidade e da vida cotidiana, mas também do que acontece nesse relacionamento mais maduro.
Sam Heughan: Sim, é interessante ver como eles funcionam como um casal. Qual é o habito deles? Como eles interagem, todos os dias, pela casa? A primeira metade da temporada, antes da chegada da Brianna, é uma metade para organizar isso, também. Quando ela chega, o drama da temporada toma uma direção diferente.

Por conta do Jamie e da Claire estarem em um estágio diferente do relacionamento deles e terem uma filha juntos, como a dinâmica deles é diferente das temporadas anteriores e como vocês estão tentando descobrir quem eles são, como um casal mais velho?
Caitriona Balfe: Acho que envelhecemos muito bem. Eu não acho que tive a oportunidade de realmente explorar a Claire investindo no casamento dela, desta maneira. O casamento dela com o Frank estava tão comprometido. Quando o Jamie e a Claire se casaram, nas temporadas anteriores, havia muita movimentação externa, ao tentar mudar o curso da história. Estando envolvidos em todas aquelas batalhas, eles nunca tiveram um momento para se sentarem e aproveitarem o casamento que eles têm. A Claire sempre teve uma forte motivação com visão de futuro, com a carreira dela e todas essas coisas. É um ótimo momento para investir no lado mais interior e carinhoso dela, investir em ser uma esposa, em criar um lar para eles. E, então, quando a Brianna voltar para a história, ser uma mãe, mas para uma filha adulta, o que é uma coisa muito diferente. Acho que eles trabalham muito bem juntos, nesta dinâmica.
Sam Heughan: Sim, o Jamie sempre quis ter uma família extensa ou construir um lar e ele realmente faz isso, fisicamente. Ele realmente se joga nisso. É algo que eles valorizam e desfrutam, conforme eles crescem e se tornam mais maduros.

Sabemos que a Brianna fará uma viagem no tempo nesta temporada e que ela e o Jamie vão finalmente se conhecer. Como a presença da Brianna muda como os seus personagens agem? Obviamente, o Jamie já a ama, mesmo que ele nunca a tenha conhecido, mas ela é tão diferente do que uma jovem mulher da época dele seria. Veremos o Jamie e a Claire discutirem sobre como lidar com ela?
Caitriona Balfe: Um pouco. Acho que a série realmente focou bastante no relacionamento do Jamie com a Brianna e no papel dele como pai, nesta temporada.
Sam Heughan: Isso definitivamente é o mais importante para ele. Ele sempre quis ser pai e ter uma influência nos filhos dele, mas ele nunca teve essa oportunidade antes. Ele não teve uma influência nela e está bastante ciente que o Frank teve, então isso gera algum atrito.

Vocês diriam que o tempo ainda é o maior inimigo do Jamie e da Claire ou há outra coisa que é maior do que isso?
Caitriona Balfe: Essa é uma pergunta muito boa. Eu nunca pensei nisso desse jeito.
Sam Heughan: É sim, já que o tempo está passando. Sabemos que esta batalha está chegando e sabemos que eles terão que escolher um lado. Desde a primeira temporada, tem sido uma corrida contra o tempo.

Com a série tocando no assunto da escravidão nesta temporada e os personagens de vocês sendo de séculos diferentes, eles têm perspectivas destoantes?
Caitriona Balfe: Eu acho que sim. Para a Claire, ela acabou de vir de 1968, que era o auge do movimento pelos direitos civis. Obviamente, ela é uma pessoa muito progressista daquela época. E mesmo se ela não tivesse vindo daquela época, ela sempre tratou todos como iguais. Chegar a River Run e ver a escravidão em primeira mão é muito difícil para ela tolerar, então a reação e a necessidade dela é fugir de lá. Para Jamie, é um pouco diferente, mas a beleza de quem ele é, é que ele é tão emocionalmente inteligente que consegue entender o ponto de vista de Claire rapidamente.
Sam Heughan: Ele, obviamente, é um homem da época dele e está ciente da escravidão, mas ele mesmo já foi encarcerado e não concorda com isso de forma alguma. Ele não deseja isso a ninguém, ele vê todos como semelhantes a ele. Então, rapidamente, ele não quer fazer parte disso, apesar de River Run ser uma ótima oportunidade. Antes de chegarem lá, eles não têm nada, então é um jogo de poder e de manipulação da Jocasta. O Jamie e a Claire realmente não querem fazer parte disso, mas infelizmente se envolvem na situação, o que é bastante trágico.

Caitriona, um dos relacionamentos mais bonitos desta temporada é o que você tem com uma curandeira nativa americana Adawehi. Ver o quanto ela e a Claire têm em comum, mesmo que não possam se comunicar verbalmente entre si é tão comovente. O que você gostou desta dinâmica e pode aprender sobre quem a Claire atraiu nos olhos de outra cultura?
Caitriona Balfe: Sim, essa cena é interpretada fantasticamente por Tantoo Cardinal, uma atriz canadense. Muitas dessas cenas foram deixadas para muito mais tarde na temporada. Originalmente, aquela cena tinha muitas interpretações erradas e elas falhavam em obter o resultado desejado. Tivemos uma grande conversa, eu e Toni Graphia, e eu disse, “Acho que seria lindo se elas se entendessem mais do que se não se entendessem.” Eu realmente amei aquela cena. Foi tão linda. Apenas aquele momento de como duas pessoas se conectam e têm visões muito semelhantes da vida, você nem sempre precisa a língua para poder se entender. Essa foi uma cena muito legal e muito bonita. E, depois, há a tragédia do que acontece, o que também é bastante desolador. Mas amei trabalhar com ela. Foi ótimo.

Esta temporada marca a introdução de Stephen Bonnet, que será comparado a Jack Randall. Como vocês diriam que eles são diferentes?
Caitriona Balfe: Com o Jack, havia uma perversão lá. Ele era um psicopata total. Havia também a linhagem com o Frank e um quadrilátero entre os quatro personagens. O Bonnet é mais manipulador. Ele faz coisas incrivelmente horríveis, mas acho que ele é muito mais um oportunista, enquanto o Jack era um sádico. O que impulsiona o Bonnet é a ganância, o que é muito diferente.
Sam Heughan: Ele é outra versão de um psicopata ou sociopata.
Caitriona Balfe: Mas o Ed [Speleers] é incrível. Ele é muito intenso no set e aquela cena de luta no barco é realmente horrível. Nós dois estávamos no momento e acho que isso define o papel dele para o resto da temporada e das coisas que ele vai fazer. Os telespectadores saberão que devem ficar desconfiados com ele, sempre que ele aparecer de novo.
Sam Heughan: Ele afeta toda a família Fraser. Ele tem relações com todos eles e se torna um vilão verdadeiro. Mas o Ed é incrível.
Caitriona Balfe: Ele ficou no sotaque irlandês o tempo todo, até mesmo quando estava fazendo a divulgação.
Sam Heughan: Ele parou, porque teve um mês de folga, e estava na cadeira de maquiagem e usou o sotaque normal dele, algumas das maquiadoras ficaram, “Quem é esse cara?”.

Sam, você sente falta do kilt?
Sam Heughan: Sim, sinto. Foi decidido que o Jamie não usará o kilt na América, nesta temporada. No entanto, outros caras usam. Talvez vejamos o retorno dele. Estávamos o guardando para uma grande ocasião e uma grande revelação. Os roteiros mudaram e então a gente não pode fazer isso, mas vocês o verão em breve. Seria ótimo ter o Jamie de volta em seu amado guarda-roupa.
Caitriona Balfe: Mas, veja bem, tenho certeza que ele ficou feliz de não usá-lo neste inverno.
Sam Heughan: Sim. É mais fácil esconder roupa de baixo de lã agora do que é com o kilt, mas é parte de quem ele é. Ele tem o coração de um escocês. A parte boa desses colonos é que eles trazem a cultura deles para a América e também assimilam outras, então é uma mistura não só da Escócia, mas da nova América e, talvez, dos nativos americanos e mais quem quer que seja.

A gente consegue ter uma boa noção de qual é a ideia do Jamie e da Claire do sonho americano, no final do início da temporada. Como vocês diriam que isso muda, quando chegarmos ao final da temporada?
Caitriona Balfe: Acho que eles começam a realizá-lo, na verdade, em muitos aspectos.
Sam Heughan: O Jamie começa sendo muito livre. Ele vê a terra da oportunidade e de grande liberdade e o coração dele está aberto a tudo isso. No final, ele está reprimido novamente, muito pela política da época e pelo o que está acontecendo. Não dá para escapar da história. Ela está sempre prendendo ele. No final, estão todos em um dilema.

Vocês falaram muito sobre os desafios que o Jamie e a Claire têm que enfrentar e lutar, nesta temporada. Há momentos leves que vocês podem compartilhar? Eles têm momentos de felicidade?
Sam Heughan: Acho que há grande alegria para eles, ao construir essa nova casa neste novo assentamento. Ao longo de toda a temporada, vocês o verão crescer de alguns galhos no meio da floresta para, na verdade, um lar.
Caitriona Balfe: Digamos que o Jamie é um carpinteiro incrível, só com algumas ferramentas manuais. É incrível o que ele foi capaz de fazer.
Sam Heughan: Até o final da temporada, o Jamie se torna um colono e é incrível ver isso crescer.
Caitriona Balfe: O jardim da Claire é incrível. Na verdade, é o jardim mais deslumbrante. É incrível, porque a gente aparece para trabalhar em um dia e, de repente, há três tipos diferentes de jardins e cercados para todos os diferentes animais. Foi muito divertido, como atores, trabalhar nesse estúdio. Dá a sensação de uma pequena propriedade de verdade.
Sam Heughan: E eles estão felizes lá. A Claire está feliz no jardim dela e o Jamie está feliz em prover e construir essa base.

Se chegarmos a ver os erros de gravações desta temporada, qual seria a coisa mais engraçada que veríamos? Houve uma cena que simplesmente não foi como vocês esperavam?
Sam Heughan: Oh, cara.
Caitriona Balfe: Eu não sei. Acho que haverá muitas com o cachorro.
Sam Heughan: Há muitas com o cachorro.
Caitriona Balfe: Vocês me verão olhando feio para o cachorro. E eu sempre xingo muito. Acho que o cachorro, nesta temporada, foi um elemento totalmente novo. Tivemos animais na série antes e tivemos cachorros, mas eles nunca foram um personagem [como o Rollo]. Este cachorro, em particular, responde a brinquedos barulhentos, então você está tentando fazer as cenas e, de algum lugar atrás da porta, alguém aperta um brinquedo e tudo o que você ouve é squeak, squeak. Isso tira a tensão, às vezes.
Sam Heughan: Na verdade, há muitos animais nesta temporada e eles têm personagens.
Caitriona Balfe: Há a mula e a porca branca.
Sam Heughan: Eles fazem parte dessa família. É essa família de desajustados.
Caitriona Balfe: No livro, a porca branca vive na casa com eles. Ela está muito dentro de casa. Graças a Deus, os roteiristas não iam fazer isso. Eu sempre temo os erros de gravações, pois…
Sam Heughan: Parecemos idiotas, o que somos, de qualquer jeito.
Caitriona Balfe: É.