THR: Caitríona Balfe e Jamie Dornan usaram suas experiências pessoais para interpretar um casal em ‘Belfast’

  • 11 de fevereiro de 2022

Durante a divulgação de Belfast, Caitríona Balfe e Jamie Dornan foram entrevistados pela The Hollywood Reporter e contaram como suas experiências pessoais os ajudaram a interpretar um casal no longa de Kenneth Branagh. Veja a entrevista na integra, traduzida pelo Portal Caitríona Balfe, a seguir.

Para Caitriona BalfeJamie Dornan, trabalhar em Belfast, da Focus Features, era diferente de tudo o que eles fizeram antes. A atriz, que interpreta Ma no filme de Kenneth Branagh baseado em sua infância, se sentiu atraída pela história quando viu que o roteiro era focado em pessoas comuns em vez da política e ideologia da Irlanda do Norte, o que ela costuma ver em projetos que chegam até ela. Para Dornan, que interpreta o marido de Balfe, Pa, Belfast se passa em sua cidade natal; ele foi seduzido pela história verídica de uma família lutando com decisões paralisantes, dor e amor incondicional.

Além disso, eles trabalharam com um elenco que incluía Judi Dench, Ciarán Hinds e Jude Hill, o recém-chegado de 11 anos, quem Balfe e Dornan descrevem como uma alegria  de se trabalhar. A dupla revela ao THR quanta liberdade eles tiveram ao retratar os pais de Branagh na tela, explicam que dançar foi a parte mais desafiadora do filme e lembram quanto ensaio Dornan teve para sua interpretação de Everlasting Love – ​​uma de suas duas apresentações musicais do ano passado que tomou conta da internet.

Como você se envolveu com o projeto?

Caitríona Balfe: Acho que fui um dos últimos atores principais a chegar. Quando fui abordada pela primeira vez, me disseram todos os lindos nomes ​​que já estavam no projeto e isso foi incrivelmente intimidante. Me mandaram o roteiro e não é sempre que você lê algo e instantaneamente… Eu senti como se conhecesse a Ma. Senti que reconhecia minha própria mãe nela, mas também muitas outras mulheres que eu conhecia da Irlanda. E também o assunto. Houve tantos filmes feitos sobre a Irlanda do Norte que lidam com a política ou a ideologia e, claro, há um lugar para isso, e eles são muito importantes. Não havia nada que eu tivesse lido antes que focava em pessoas comuns e com tanta compaixão e empatia, portanto fiquei impressionada.

Jamie Dornan: Em qualquer circunstância, se Kenneth Branagh quisesse fazer um filme com você, com Judi Dench – que era o único outro ator que estava no projeto quando fui abordado – eu diria que sim, provavelmente sem nem ler o roteiro. Mas desta vez, não eram apenas aquelas pessoas, mas uma história sobre minha cidade natal. Além disso, na época da pandemia, quando havia um medo sincero de que eu nunca mais voltaria a trabalhar, eu certamente não sabia de onde viria o próximo emprego, então era uma perspectiva particularmente tentadora, dadas todas essas circunstâncias. E daí, completar o elenco com Ciarán e Caitríona foi simplesmente incrível. A resposta e algumas das noites que passamos juntos foram incomparáveis ​​com o que experimentei até agora na minha carreira.

Dado que é baseado na infância de Branagh, mas não em uma autobiografia, vocês tiveram liberdade para interpretar os pais dele ou ele deu algumas orientações?

Caitríona Balfe: Desde o início, uma das primeiras coisas que ele fez foi colocar Jamie, Judi, Ciarán e eu em uma sala. E ele simplesmente nos fez falar sobre nós ou nossas infâncias, nossos pais ou avós. Ficou muito claro, a partir disso, que ele queria que nos baseássemos em nossas próprias experiências. E ele obviamente estava apresentando cenários diferentes que tinham relevância para o filme, mas ele queria que nós olhássemos para isso pelas lentes de nossas próprias vidas. E isso foi um presente de liberdade, ser capaz de torná-lo nosso e não sentir que estávamos tentando alcançar uma certa nota que sentíamos que ele estava procurando. Ken é um diretor tão inteligente. E como ator também, ele é incrivelmente inteligente sobre como ele te leva a um lugar onde ele quer que você vá. Ele sempre nos guiava gentilmente aos lugares, em vez de “Bem, não, minha mãe é assim” ou “Minha mãe faz isso”. Isso nos deu muita liberdade e muito disso nos fez sentir como se ele tivesse confiança no que estávamos dando a ele.

Vocês dois interpretam um jovem casal que às vezes ficam bastante distante durante o filme, físicamente e emocionalmente. Como vocês retrataram isso nas cenas que compartilham e como balancearam esses aspectos do relacionamento?

Caitríona Balfe: Muito disso estava no roteiro. E foi realmente muito bem escrito. Parecia totalmente desenvolvido. Houve algumas coisas que não chegaram ao final do filme. Há uma cena em que eles estão enviando Buddy e [seu irmão] Will para a igreja. No roteiro original, quando Buddy sai de casa, ele olha para trás e os vê fechando as cortinas e você sabe que eles estão tendo uma pequena diversão de tarde de domingo. Isso foi ótimo, porque você sabia que não importa quais fossem as tensões e os estresses no casamento, nós temos algumas cenas que mostram que, por baixo de tudo, eles ainda têm essa conexão muito profunda e esse amor real e acho que isso foi realmente importante. Jamie e eu já dissemos isso antes: achamos isso muito orgânico. Parecia muito fácil. Jamie é um ator tão aberto e, quando nos conhecemos, estávamos muito à vontade um com o outro. Descobrimos que não importa quais fossem as cenas, estávamos sempre passo a passo e juntos.

Jamie Dornan: Não é tudo por acaso: Ken escolheu quem escolheu com base no que viu em nosso trabalho e em nossas personalidades. Nunca houve nenhum bloqueio em nenhum momento em sentir que aquela família era real. Todo mundo estava dando um retrato tão verdadeiro que, felizmente, estava coesamente alinhado com o que todo o resto estava fazendo. Eu não suporto trabalhar com pessoas quando elas fizeram muita preparação de atuação no espelho, têm um plano e vão fazer isso da maneira que praticaram muito, porque acham que está certo, mesmo que não esteja em sintonia com o que seu parceiro de cena está fazendo… Nós fizemos um monte de coisas em uma tomada, então sempre que algo mudava ou ia em uma direção ligeiramente diferente da anterior, a outra pessoa reagia de acordo.

Qual você diria que foi a cena mais desafiadora para vocês dois?

Caitríona Balfe: Acho que quando você lê um roteiro, como ator, a primeira coisa que você foca é no diálogo, isso lhe dá uma noção do que é. Então, na segunda vez, você pode começar a ler algumas das instruções de atuação. Mas acho que nós dois escondemos o fato de que havia esses números de dança. Primeiro você lê, “Eles dançam” e pensa: “Ah, eles vão dançar um pouco”. Acho que no nosso primeiro dia, o segundo assistente de diretor apareceu e disse:, “Então você vai fazer isso, isso, e então você vai ter um ensaio de dança com Jamie“. Eu fiquei tipo, “Nós vamos ter o quê?” Acho que não faz parte da nossa área de conhecimento. Mas ao dizer isso, Jamie Dornan reclamou durante todos os ensaios sobre o quão ruim ele era e o quão sofrível isso era e daí, no dia, ele estava absolutamente perfeito. Eu era a única com dois pés esquerdos. Esses foram provavelmente os mais desafiadores.

Jamie Dornan: Devemos dizer que era para haver mais música e dança no filme, mas apenas Everlasting Love apareceu lá. Portanto, havia mais, mas o mundo foi poupado.

Caitríona Balfe: Bem, acho que podemos dizer que todas as pessoas estão muito animadas com a cantoria de Jamie Dornan.

Qual música exigiu mais ensaio: Everlasting Love ou Edgar’s Prayer de Duas Tias Loucas de Férias?

Jamie Dornan: Deus salve a Irlanda! (Risos.) Everlasting Love era bastante complexa em seus movimentos e foi muito ensaiada. Eu senti que tinha que fazer tudo certo – o foco principal é o que está sendo dito naquela cena entre Ma e Pa e onde eles estão, o momento tumultuoso do relacionamento e em suas vidas com essas grandes decisões pairando sobre a cabeça deles e a dor, e querendo dizer: “Estamos em um momento terrível, mas Jesus, te amo e vai ficar tudo bem“. Isso tudo estava na vanguarda. Portanto, há muito o que se pensar.

Com Edgar’s Prayer, você fica tipo, “Como posso tornar isso o mais engraçado, absurdo e ridículo possível?” Não havia limitações para isso. Eu tive alguns ensaios de dança para Edgar’s Prayer… Mas então, chegamos à praia em Cancún e eu pensava: “Não posso nem fazer isso porque a areia é muito grossa“. Mas qualquer sugestão que eu teria – “E se eu fizesse isso?” – eles disseram: “Experimente!” Então é essa carta branca para ser o mais bobo possível, o que eu amo.

É tão bom. Toda vez que preciso de um pouco de estímulo, assisto sua sequência de dança com Kristen Wiig e Annie Mumolo do remix da música do Titanic.

Jamie Dornan: Eu tinha esquecido que usamos esse remix para essa música e alguém disse algo sobre o remix do Titanic e fiquei tipo, “O quê?” Eu tive que assistir de novo – ou meus filhos assistiram sem parar por um tempo. E daí eu disse: “Oh meu Deus, foi isso que dançamos“, e dançamos essa música naquela noite e eu tinha simplesmente esquecido.

Meus filhos sempre estão pedindo para ouvirmos Edgar’s Prayer [no carro], então eles tocaram bem alto na garagem do nosso amigo. E este carro que nos deram aqui, por algum motivo, mesmo se você desligar o rádio, ele ainda continua, e estamos tentando dizer olá e cumprimentar nossos amigos. E eu estava cantando muito alto. É uma coisa assustadora.

Caitríona Balfe: Em algum lugar, alguém diz: “Acabei de parar ao lado de Jamie Dornan, que está cantando sua própria música em um carro na Sunset?

Como foi gravar um filme tão íntimo durante a pandemia?

Caitríona Balfe: No começo, estávamos todos com tanto medo de deixar Judi doente. Portanto, havia protocolos realmente rígidos em vigor. Estávamos fazendo teste todos os dias. Acho que, a essa altura, Batman havia começado a filmar e estávamos filmando. Nós éramos as únicas duas produções reais no Reino Unido que estavam acontecendo. Muitas pessoas estavam olhando para nós para ver quais protocolos estávamos usando e como eles estavam funcionando. Muito crédito deve ser dado à nossa equipe, que estava em grupos diferentes. Eles tinham sistemas unidirecionais ao redor dos sets. Todos os nossos adereços, figurinos e todo mundo, todos tinham seu momento no set e daí eles tinham que sair e a próxima pessoa entraria. Também estávamos filmando no auge do verão, era uma onda de calor louca, e especialmente nosso departamento de cabelo e maquiagem, eles estavam com EPI completo, com óculos e escudos faciais. Isso nos fez ter que ir além para nos conectarmos uns com os outros.

Seu colega de elenco Jude Hill é incrível e é o primeiro papel dele no cinema. Como foi trabalhar com ele e como vocês estabeleceram esse relacionamento não apenas com um jovem ator, mas um novato nos filmes?

Caitríona Balfe: Ele é simplesmente incrível. O fato de que este é seu primeiro papel é bastante incrível. Ele veio com essa abertura absoluta; ele não tem ponto de referência para mais nada, então ele estava pronto para qualquer coisa. Ele é uma das crianças mais preparadas e presentes que você vai conhecer e ele, durante todo o tempo em que estávamos filmando – e ele estava praticamente gravando o dia todo, todos os dias – ele nunca reclamou. Nunca houve qualquer agitação ou mau humor. Ele é o garoto mais bem-educado, engraçado, adorável e aberto. Acho que uma das coisas bonitas foi ver o relacionamento dele com Ken. Ken foi tão paciente com ele e a maneira como ele foi capaz de orientá-lo e a atuação dele foi uma lição muito boa de se assistir. Eu vi isso acontecer com outros atores que são incríveis no que fazem. E eles se deixam guiar sem levar isso como uma crítica. Isso é algo para se lembrar: às vezes, quando você recebe uma observação, se sente que não é o que está fazendo, às vezes pode ajudá-lo… Foi lindo assistir a essa abertura e liberdade e é uma lição para um adulto tentar manter essa atitude de segue-o-fluxo infantil.

Entrevista editada pelo comprimento e clareza.